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Era um dia assim… Sei lá era só um dia, mas começou diferente

por Caroll Freitas
5 minutos de leitura

Era um dia assim… Sei lá era só um dia, mas começou diferente

O despertador tocou, hora de levantar pra trabalhar. Corro o olho preguiçosamente na tela do celular para verificar o horário, 06h03.

Pode parecer estranho, mas não gosto de colocar meu despertador pra tocar em horários exatos ou redondos, tipo 06h. Prefiro 06h03, 07h51, 09h37 e por aí. Não gosto de horários previsíveis.

Depois de ativar por mil vezes o modo soneca, acordo em um pulo. Pronto, já estou atrasada!

Corro pro meu guarda-roupa pra buscar o que vestir e a porta que na noite anterior estava inteira, cai e bate na minha boca que incha na hora. Penso: valeu segunda-feira, bom que eu já começo a semana com a boca inchada. Vai ser fácil explicar que eu voltei do fim de semana com ela inchada porque a porta do meu guarda-roupa caiu na minha boca.

Corro pro banho, porque daí pra frente vai ter que ser tudo na correria.

Pra variar um tiquim, estou atrasada…

Enquanto troco de roupa, aproveito para verificar meu WhatsApp, é tudo assim, de forma dinâmica. Paro em um susto, uma mensagem me avisa que a madrinha de uma amiga morreu… affh! Olha essa diaba da morte rondando de novo.

Corro para o ponto de ônibus e assim que chego ele já está vindo. Isso seria uma grande sorte se eu conseguisse encontrar meu cartão de passagem. Tive que deixar ele passar, e assim que ele avança eu encontro o cartão…

Que ódio!

Pouco tempo vem outro ônibus e finalmente desembarquei na outra estação pra pegar minha segunda condução para o trabalho.

Assim que chego no ponto, o outro ônibus já está lá, saio feito uma louca correndo e entro e vejo que não tem lugar pra sentar, tento sair, mas o motorista arranca.

Mil vezes que ódio!

Tenho que ir em pé, em um ônibus lotado, sem janela, sem ar e carregando uma bolsa pesada.

Fico parada em frente a um senhorzinho, e vou para meu ritual de orações diárias, porém não vou mentir, estava muito “pê da vida” como diria a vovó. Ô segunda-feira que já começou daquele jeito.

Distraída olhando pela janela do ônibus, ouvi um som agradável, daqueles te leva de volta à infância. Era o senhorzinho assobiando.

Meu coração se derreteu na hora, lembrei que esse era um costume do meu avô Aristides e do meu Po’pai, inclusive já contei essa história na crônica “Conheça o meu Super Herói”.

Me lembrei que quando eu era pequena eu deitava com o meu pai no meio do quintal, ficava olhando para o céu contando urubus (era um jogo nosso e quem contasse mais ganhava).

E no meio dessa brincadeira eu deitava na barriga dele e ele assoviava a música “Seguindo no trem Azul”, da banda Roupa Nova que inclusive era sua favorita e eu seguia desafinadamente cantando. E foi assim que a viagem seguiu: O senhorzinho assobiando, e eu cantarolando baixinho…

a música que me lembrava meu Po’pai.

Comecei o dia acreditando que tinha acontecido muitas coisas “ruins” e que minha semana seria uma droga. E depois estava agradecendo por todas essas coisas terem acontecido e me colocado nesse ônibus com o senhor do assobio. 

Deus é maravilhoso e fala com a gente de formas surreais, talvez esse foi o jeitinho dele me falar que, primeiro vem o caos, mas depois vai ficar tudo muito bem.

Não lembro qual música da Banda Roupa Nova que meu Po’pai gostava, acho que nunca tivemos essa conversa. Mas encerro essa crônica com um trecho de uma que ele ouvia muito e acredito que se relaciona muito com o que acabei de dividir com vocês:

“Na escuridão o seu olhar me iluminava, minha estrela guia era o teu riso. Coisas do passado são alegres novamente, quando lembram as pessoas que se amam…. te amo” (A Viagem – Roupa Nova) 

Se inspire!! Tem mais crônicas aqui

Menina segura o vestido

Sonho de menina apaixonada

A impossibilidade do abraço

 

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