As mulheres audaciosas da trilogia “Os números do amor”

Depois da onda dos livros eróticos impulsionada por obras como “Cinquenta tons de cinza” e as séries “Crossfire” e os “Cretinos e Cretinas” de todos os tipos possíveis, a nova mania das livrarias, redes sociais e blogs da vida, e grande aposta das editoras são os romances de época. Romances em sua maioria leves, com uma pitada “nada virginal” de sedução e sexo quente, com tiradas engraçadas e um olhar crítico sobre o comportamento da sociedade, geralmente inglesa. As editoras têm investido pesado no gênero traduzindo escritoras renomadas como Julia Quinn, Lisa Kleypas, Loretta Chase, entre várias outras publicadas pela editora Harlequin dona daqueles livrinhos pequenos com duas histórias curtíssimas e empolgantes. Os livros dominam as vitrines das livrarias Brasil afora com capas maravilhosas que enchem os olhos das leitoras órfãs de um bom romance e das séries eróticas que ficaram pra trás.

“Os números do amor” é uma trilogia da escritora americana Sarah Maclean, best seller no The New York Times e US Today e vencedora de vários prêmios literários. Sarah tem autoridade para falar de época já que é formada em História e Antropologia Cultural no Smith College, além de Educação na Universidade de Harvard. Unindo romance e história, seus livros já foram traduzidos para várias línguas. No Brasil há publicações pela editora Arqueiro e Gutemberg.

 “Nove regras para ignorar antes de se apaixonar” é o primeiro livro da série. Conta a história da destemida Calpúrnia Hartwell, uma jovem de reputação impecável, considerada sem graça, e que aos 28 anos já está a um passo de entrar para o time das solteironas. Ciente da sua situação, Callie como é carinhosamente chamada pela família, decide então listar regras que gostaria de quebrar, “ não ia fazer nada que um homem da alta-roda não fizesse em qualquer dia sem pensar duas vezes”. E se os homens podiam, por que ela não deveria poder? Uma dessas regras é beijar alguém apaixonadamente e ela decide quebrá-la com seu crush, o famoso marquês e libertino, Gabriel St. John, que na dúvida quanto ajudar a Callie, acaba presenciando praticamente todas as ousadas escapulidas dela. St.John não vai resistir ao poder e aos encantos dessa mulher afrontosa, muito a frente do seu tempo, e claro, que os dois  viverão uma paixão daquelas de tirar o fôlego.

É um romance sedutor que vai te envolvendo a cada virada de página. Os personagens secundários são divertidos, apaixonantes e determinantes para o andamento da história de amor, como os irmãos de Gabriel, Nick e Juliana, protagonistas dos próximos livros, os irmãos de Callie, Mariana e Benedick. Aliás, Benedick é aquele irmão fofo e compreensivo que todo mundo gostaria de ter, e um partidão para qualquer mulher.

“Dez formas de fazer um coração se derreter” e o coração em questão é o do solteiro mais cobiçado de Londres, Nicholas St John, que como diria minha mãe sem mais nem menos” bate às portas da solteira Lady Isabel Townsend em Yorkshire, um mulherão da porra que administra e mantém a sua propriedade sozinha. O caminho dos dois se cruzam, quando Nick parte em busca da irmã fugida do seu amigo, o duque de Leighton, um homem que faz de tudo para manter sua reputação impecável, como veremos no livro 3.

A casa de Isabel também serve de abrigo para mulheres que a sociedade insiste em renegar, por isso ela faz de tudo para manter a todas em segredo e segurança. Nick é especialista em antiguidades e sob o pretexto de ajudar Isabel na venda de algumas estátuas, se infiltra em sua casa, na sua rotina e no seu coração. É um romance gostoso de ler porque não foca apenas no amor dos dois, mas também em questões e convenções sociais impostas às mulheres da época. Lady Isabel é uma feminista, uma mulher forte, que luta com unhas e dentes para proteger as mulheres e garantir a igualdade, já que não tinham direito a praticamente nada. Gosto que os acontecimentos deste livro se encaixam perfeitamente na trama e garantem o sucesso da continuação.

“Onze leis a cumprir na hora de seduzir” fecha com chave de ouro uma trilogia empoderada, de mulheres fortes e destemidas que mostram que não precisamos de personagens frágeis ou submissas para viverem grandes romances. E a italiana Juliana Fiori se encaixa bem na descrição, pois é uma das personagens mais ousadas que já li em literatura de época. E adorei! Juliana já tem a história manchada pelo passado devasso da mãe, que abandonou seus irmãos gêmeos Gabriel St. John e Nicholas St John, para fugir com um amante para a Itália. Lá ela teve Juliana e também a abandonou e sumiu no mundo. Devido aos “padrões” da época, Juliana já é considerada um escândalo ambulante. Somando isso, a espontaneidade italiana, ela até tenta se encaixar nos padrões londrinos e manter sua reputação, mas com uma beleza inigualável, além de chamar atenção, ela definitivamente não se encaixa no padrão e nas famosas convenções sociais. E quando se apaixona então, saí de baixo.  A questão é que ela começa a se interessar justamente pelo Duque de Leighton, aquele certinho que faz de tudo para evitar escândalos, andar sempre linha e manter sua reputação intacta. O Duque coitado até tenta resistir, mas uma atração pra lá quente, vai abalar as estruturas dos dois e uma paixão avassaladora com certeza vai superar qualquer regra social.

Sobre a trilogia: Quero destacar o capricho da Editora Arqueiro na produção das capas, elas ficaram lindas e a altura das belas histórias contadas pela Sarah MacLean.  É uma trilogia com mulheres afrontosas que desafiam a sociedade e suas convenções em busca de felicidade, liberdade e amor verdadeiro. Os três livros são sexy e picantes na medida certa. Romances fofinhos que vão te proporcionar uma leitura prazerosa e divertida.

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