“Ferida” e “Duplamente ferida” – a resenha dos livros da Nana Pauvolih vão virar série no Globoplay

“Ferida” é o primeiro livro da série “Segredos”, do fenômeno da literatura hot nacional, Nana Pauvolih, autora que sou fã e já li pelo menos 15 livros dela — ao final da resenha tem uma listinha com algumas dicas. Mas nessa série, especificamente, é preciso cautela na leitura. 

A primeira coisa a ser dita é chamar a atenção da Editora Essência em relação à ausência de uma classificação indicativa e os temas que podem despertar gatilhos, e isso é bem problemático. Livros do gênero dark romance precisam ter esse aviso, inclusive pouparia muito o leitor e autor de críticas negativas, muitas vezes injustas pelo desconhecimento do gênero literário em questão.

Dito isso, alerto que os dois primeiros livros da série terão: muitas cenas de sexo, machismo, violência física e psicólogica, inclusive por parte da mãe da EVA — nossa protagonista sofredora. É uma história de amor que na vida real, provavelmente, teria um final trágico com um velório feminino. Consideremos apenas a ficção e vamos à resenha. 

FERIDA

Eva é uma jovem que passou grande parte dos seus 18 anos sendo, literalmente, treinada para se vingar da família Falcão — vilões responsáveis pela ruína de sua família. Tudo o que ela realmente sabe é que precisa destruir a família que destruiu a sua.

A questão é que Eva faz parte de um jogo sujo, arquitetado pela sua mãe e sua avó. Ela foi preparada para a vingança, inclusive, mantendo sua virgindade para o momento certo. O alvo é Theodoro Falcão, o primogênito da família.

Todos os passos de Eva são meticulosamente calculados por Luiza (sua mãe) e a quadrilha de mercenários formada por Lauro, namorado da mãe. O objetivo é seduzir Theo, engravidar dele e tomar uma parte daquilo que Luíza Amaro jura que foi tirado delas.

Luiza não tem limite em sua vingança e já tentou de tudo. Ela vê Eva como sua última esperança. Inclusive, a filha mais nova de Luíza, Gabriela, foi entregue à família Falcão quando bebê, para que fosse criada pelos seus inimigos, mas o tiro saiu pela culatra. Gabriela vive feliz no clã Falcão e não quer saber de vingança, nem de ter contato com a mãe.  

O plano seria perfeito não fosse a paixão avassaladora entre Theo e Eva. Essa conclusão vem logo nas primeiras páginas, na descrição perfeita da autora do olhar que ele lança para Eva. 

A partir de então temos um Theo extremamente possessivo, apaixonado e protetor. Eu gosto de ver esse processo de rendimento à paixão em qualquer tipo de romance, mas nos eróticos é mais legaln porque o personagem geralmente começa a história irredutível e com um histórico nada favorável. Já a Eva totalmente confusa e dividida entre viver esse amor (mesmo que abusivo) e abortar o plano da mãe e trair sua família, ou simplesmente sumir da vista dos dois.

“Ferida” traz alguns elementos típicos dos romances dark: a surpresa da virgindade, dominação, coleira, humilhação, violência, a aceitação sem questionamento, o roubo de palavras e negativas, o clichezão “medo e prazer” sempre constante e nada da mulher reagir. Além de cenas inusitadas e algumas breguices como no trecho abaixo.

“Você morde e não… não se incomoda com sangue. Então, pensei que até parece um vampiro. Um vampiro pornográfico.” (pág.269)

A todo momento da leitura o título “Ferida” martelava na minha mente, aquele suspense sobre o que será que vai acontecer quando o todo poderoso descobrir que está prestes a cair em um golpe arquitetado por sua pior inimiga.

DUPLAMENTE FERIDA

O que nos prende na leitura de “Ferida” é, justamente, saber como o todo poderoso dominador fodão, Theo Falcão, reagirá quando descobrir que foi enganado pela ninfeta. E isso já vem logo no primeiro capítulo.

Depois de tudo o que lemos em “Ferida”, todas as cenas caprichosamente detalhadas pela Nana, não era de se esperar menos do Theo. Ele simplesmente surta, quase mata a Eva enforcada e, a partir daí, é uma sucessão de absurdos.

A reação violenta de Theo não é nada perto do abuso psicológico e sexual, humilhação e cárcere que ele vai impor a ela e a filha deles. Sim! Eva engravida, e não foi nada planejado como sua mãe queria. Pelo contrário, ela se apaixona verdadeiramente pelo Theo, mas não tem coragem de revelar sua identidade. Claro, isso cairá como uma bomba na vida da família. 

À essa altura, Eva já foi aceita pela família Falcão e nenhum deles ficará contra o irmão, em prol de Eva. 

Dois pontos importantes: Eva sofre por amar demais e, por esse amor, se submete às ordens de Theo. Em seguida, por amor à filha, pois ele insiste em tirar a recém-nascida dela a todo momento. Já Theo sofre porque ama Eva, mas obviamente não consegue perdoá-la, e puni-la é a maneira que ele escolhe para lidar com a situação.

“…Tudo em mim doía. De que me adiantava a idade, a experiência, a riqueza, a dureza? No final, era um idiota enganado.” (pág.32)

“Duplamente Ferida” é um livro mais tenso, especialmente em relação ao desprezo e maus-tratos do Theo. No fim das contas, a inocência e a simplicidade de Eva fazem dela um brinquedo perfeito para a mãe e para o próprio Theo.

No final da história, o final foi satisfatório deixou brechas para o prosseguimento da série com a história de amor dos demais irmãos Falcão, que eu espero, sinceramente, que sejam mais leves. 

As adaptações de “Ferida” e “Duplamente Ferida” serão um desafio para a produção global, que vai dar vida a essa história polêmica e, mais ainda, ao personagem Theo Falcão, que divide as leitoras da Nana entre odiado e, pasmem, amado por muitas.

Listinha da Nana para apreciar: 

Trilogia Redenção – O livro 3 é maravilhoso

Pecadora – vai virar série no Globoplay

O dia que você chegou — apresenta uma protagonista com fibromialgia (em breve)

Todos os livros da Nana estão aqui.

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