Spindle Cove: o que a série de maior sucesso da escritora Tessa Dare tem para oferecer
Com mais de meio milhão de vendas, trata-se da história de uma ilha que acolhe mulheres “desajustadas” às vistas da exigente sociedade inglesa. Spindle Cove é a maior série de sucesso da escritora Tessa Dare.
Já respondo logo de cara a pergunta do título: é mais uma leitura de entretenimento, sensual, mas que vai arrancar de você boas risadas em meio a algumas lágrimas. Não foge da magia com que a autora conduz suas histórias — todas têm final feliz e muito bonito.
Spindle Cove se apresenta em três volumes oficiais e alguns spin off em formato de novela, que trazem a história de algumas personagens secundárias. Todos apresentam protagonistas excepcionais, muito à frente do seu tempo e que vão defender pautas femininas bem distintas. Susanna Finch, anfitriã de Spindle Cove, defende a liberdade feminina e a quebra dos estereótipos a nós atribuídos desde a criação do mundo. Minerva Highwood, uma geóloga, aversa a bailes e casamento, mas apaixonada por ciência. Kate Taylor é uma órfã musicista que vive a liberdade à sua maneira, sem se render a pressões sociais.
Uma noite para se entregar
Uma frase que resume o jeito Susanna Finch de ser: “Aqui é Spindle Cove, Kate. Baseamos nossa autoestima em nossas qualidades e realizações, não na opinião de cavalheiros.” (pág.132)
Ela mantém essa postura, sobretudo de defender o pequeno paraíso a que se dedicou tanto a construir. Susanna, com a ajuda do seu pai, o inventor influente da coroa, Sir Lewis Finch, tornou o local como refúgio para moças desiludidas, doentes ou simplesmente tímidas demais para enfrentar a sociedade. Tinham as escandalosas e até mesmo as casadas desencantadas com o casamento.
Quando a ilha recebe a chegada de um mini agrupamento militar, liderado pelo tenente-coronel Victor Bramwell, seu primo, Lorde Payne, e o cabo Thorne (protagonistas dos próximos livros), homens e mulheres, cada um com suas armas, começam a medir força pela liderança de Spindle Cove. É claro que teremos um casalzão, Bramwell e Susanna, no centro dessa disputa, e uma noite será pouco para se entregar a essa paixão.
Bramwell é um homem com o orgulho ferido, ainda se recuperando de um tiro na perna. Quer ir para a guerra a todo custo e vê no pai de Susanna sua última esperança de voltar à ativa. Para Susanna, homens na ilha significam a perda da paz e privacidade de suas meninas. Mas outros personagens têm visões diferentes, como a Sra. Highwood, que enxerga a chegada dos homens como a salvação para suas filhas solteiras.
A autora consegue manter aquele tom leve, mesclando diversão e sensualidade com a discussão de pautas relevantes, como tratamentos experimentais invasivos, união feminina, mulheres na medicina, entre outras.
Uma semana para se perder
Tendo nosso primeiro casal improvável de Spindle Cove formado, Bramwell e Susanna, que já vivem o seu “felizes para sempre”, agora é hora de unir mais dois pombinhos improváveis.
Tudo o que Colin quer é receber o domínio da sua herança e sair daquela ilha. Já Minerva quer apresentar ao mundo as descobertas paleontológicas que fez ao explorar as terras e cavernas de Spindle Cove. Ela tem a oportunidade de ganhar muito dinheiro se participar de um Congresso de Geologia na Escócia. Só tem um pequeno problema: ela é mulher e não pode, simplesmente, viajar sozinha por aí, tampouco apresentar as descobertas como suas.
Assim, surge um acordo inusitado: Minerva consegue convencer Colin a fugir com ela, em troca da grana do prêmio. Porém, ela nem imagina que ele já está super afim dela e essa paixão avassaladora vai se revelar de maneiras criativas e inusitadas ao longo do caminho.
A nerd e o devasso vão viver nessa história uma verdadeira aventura, com direito a cenas de muita ação, sequestro, fugas alucinantes e até orgia. Essa convivência é afetada por traumas da parte de Colin, o que faz com que Minerva se esforce naquela tentativa de “cura” do macho e, com isso, fique sujeita a situações constrangedoras que eu, sinceramente, acho injustificáveis.
Minerva é uma personagem impactante, inteligente e sagaz, daquelas que fazem com que a gente torça pelas conquistas e perdoe os deslizes do percurso.
A dama da meia-noite
Durante toda a leitura dos livros anteriores, Kate e Torne se destacam pela personalidade. Ele é taciturno e fechadão. Ela é doce e muito companheira. Mais um casal superimprovável, mas com uma química de milhões.
Tudo o que Kate sabe sobre o seu passado é que foi deixada em um orfanato. Ela tem flashes de música e algumas falas que atiçam sua curiosidade para saber mais sobre a sua origem. No meio dessa inquietação, uma família aparece dizendo ser parente de Kate e alegando reconhecer todos os direitos dela como filha de um marquês — de repente Kate pode se tornar uma Lady.
Onde Torne se encaixa nessa trama? Em tudo! Um super plot twist que envolve a infância de Kate aflora o espírito protetor do comandante da milícia de Spindle Cove. Os dois bolam um plano de manter Torne por perto com o intuito de “proteção”, quando na verdade ele é apaixonado por ela.
A leitura é divertida, porque Kate é decidida e segura de si. Ela quer viver todas as experiências com Torne, especialmente as sexuais, mas Torne não se sente à altura dela. É uma leitura com reviravoltas nada óbvias que, de fato, surpreendem o leitor, além de trazer à tona alguns ganchos dos livros anteriores.
Gostei bastante da leitura, da série, li muito rápido e me diverti muito. Spindle Cove é sem dúvida uma das melhores séries de romance de época, reunindo os principais elementos e clichês em prol do entretenimento do leitor.
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