Entre Quatro Paredes – B. A. Paris
Um livro angustiante, que vai te fazer ter certeza do quanto as aparências enganam
Sabe aqueles livros que a gente pega e simplesmente não consegue mais parar? Tenho certeza que você já se deparou com um monte de histórias assim. Queremos ler no ônibus, na rua, em qualquer tempinho extra. Assim é o thriller que eu trago para vocês hoje: Entre Quatro Paredes.
Mas calma, não tem nada de picante nessa história não. Muito pelo contrário, muito mesmo! Lançado em 2017 pela editora Record, o livro foi escrito pela B. A. Paris, e vai agradar muito aqueles que adoram um bom thriller, cheio de suspense, surpresas e muita agonia. Meu Deus, como este livro é angustiante do início ao fim.
Grace e Jack são um lindo e exemplar casal, casados há cerca de um ano e que moram em uma linda, luxuosa e afastada mansão de dar inveja em qualquer vizinho. Os dois são absurdamente carinhosos um com o outro, viajam para lugares paradisíacos, dão jantares simplesmente perfeitos e têm uma reputação intocada. Toda essa perfeição pode ser apenas fachada para o realmente está escondido um pouco abaixo da superfície. É sempre bom lembrar, galera:
Às vezes o casamento perfeito é a mentira perfeita.
Só por aí você já começa imaginar o que vem pela frente. O livro se inicia com um belíssimo e luxuoso jantar que Grace e Jack oferecem a seus novos vizinhos e outro casal de amigos. E logo de cara já começamos a perceber que algo de muito errado parece estar havendo por ali. Tudo é excepcionalmente impecável, perfeito. Tudo dá exageradamente certo, o que já nos acende aquele alerta de furada.
Grace é uma mulher inteligente, generosa e linda, que tinha um maravilhoso trabalho e era muito realizada, até conhecer seu incrível marido, Jack, o homem perfeito. Ele é doce, gentil, inteligente, bem sucedido, tem uma índole intocada perante todos os conhecidos.
Fabulosamente rico, e, se é que é possível alguém ter mais qualidades, ele é exageradamente lindo. As pessoas que veem os dois, acham que Grace é mesmo muito sortuda por ter sido escolhida por um homão desses. É claro que você já percebeu que aqui tem uma coisa muito errada né?
A narrativa é composta por passado e presente, narrada na voz de Grace. Assim, conhecemos o presente, um ano depois de se casar com Jack, e seu passado, quando o conheceu, e todo processo que se dá até os dias atuais, toda aquela intensidade que leva Grace a se casar com ele em menos de seis meses. E é assim que, aos poucos, vamos descobrindo o que de fato se passa ali e porque Grace se encontra em um verdadeiro inferno disfarçado de perfeição e calmaria.
Conforme ela vai narrando os reais acontecimentos de dentro daquela casa, vamos ficando cada vez mais pasmos e chocados com o tanto que as aparências podem enganar e fazer com que monstros se passem fácil por cidadãos acima de qualquer suspeita. Além disso, a história nos faz ficar nervosos com as diversas tentativas de Grace de dar fim ao que está se passando. Esse é um ponto que às vezes causa até muita raiva dela. Em alguns momentos eu a achei burra, com algumas ideias meio estapafúrdias. Mas, a gente meio que entende, ao mesmo tempo. O desespero nos faz tomar as atitudes mais idiotas.
Um livro totalmente permeado por momentos de extrema angústia e pavor.
Quanto mais vamos embarcado naquela realidade, mais vamos ficando estarrecidos. E a escrita da autora nos faz submergir completamente. Não tem como não se colocar no lugar da protagonista, imaginar para ela mil e uma saídas, traçar planos e torcer para que ela pense o mesmo que a gente. Que ela leia nossa mente e tome aquela atitude nas próximas páginas. Além disso, ela evita o uso de descrições massivas, o que poderiam deixar a leitura chata, tendo em vista que a única voz que ouvimos é a de Grace. A gente sente muita raiva, medo por ela e, claro, a angústia é crescente no livro, porque começamos a imaginar sempre que o pior ainda pode estar por vir.
Mais uma vantagem da narrativa é a própria protagonista. Ela não é chata e dramática (mesmo que tivesse todo direito de ser). Ela é forte e determinada e, por mais que viva momentos de muito medo e incerteza, ela tem um propósito e o mantém firme. Há empatia de cara com ela, pois a primeira coisa que pensei quando me aprofundei naquela vida é que todos nós estamos sujeitos a viver o que ela está vivendo. A gente nunca sabe que tipo de pessoas podem estar aí, pelas ruas, escondidos sob belos sorrisos.
Outro ponto que merece destaque é claramente o final dessa trama. Como eu rezei para o final não ser decepcionante, porque ia estragar a experiência da leitura. Mas aí vem a autora e vrááááááááááááááááá, dois pés na porta. Eu adorei o final, estava torcendo muito para ele acontecer. Então, você que é fã de um thriller, cheio de surpresa e pavor, está com um prato cheio em mãos. Mais que recomendado!
Ah, e não se esqueça colega: ninguém conhece ninguém de verdade, Entre quatro paredes tudo pode ser diferente.
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