A cor que caiu do espaço – Um conto incrível!
Hoje o papo é sobre A cor que caiu do espaço, conto incrível do mestre do horror, H.P. Lovecraft. Originalmente publicado em 1927, completando portanto, 90 anos.
A obra é conhecida por ser uma das favoritas do próprio Lovecraft, além de representar um passo importante na criação do que chamamos de “horror cósmico”, hoje tão explorado na literatura e, principalmente, no cinema.
A história se passa em Arkham, uma cidadezinha minúscula em que nas redondezas existe um lugarejo muito estranho. Um enorme descampado cinzento, de terras secas, onde o mato ou qualquer vegetação não cresce, e do qual as pessoas não gostam de falar:
“A oeste de Arkham, as colinas se erguem virgens, e há vales profundos em que o machado jamais penetrou. Existem ravinas estreitas e escuras, onde as árvores assumem posturas fantásticas e correm pequenos regatos que jamais refletiram a luz do sol. Nas encostas mais suaves, há fazendas, velhas e pedregosas, com casas acaçapadas, cobertas de musgo, a meditarem eternamente nos segrêdos da Nova Inglaterra, abrigadas por grandes ressaltos; mas tôdas elas estão agora desabitadas, as amplas chaminés em ruinas e os lados cobertos de tabuinhas abaulando-se perigosamente sob os telhados baixos.”
Um funcionário de uma empresa que pretende construir por ali uma enorme represa, chega para fazer uma avaliação prévia do local e reportar para sua chefia. Logo nas primeiras conversas ele começa a perceber que os moradores são muito reticentes em falar sobre o que aconteceu naquele local, outros de fato nem sabem o que ali se passou. Porém eles o informam que ainda resta um único morador perto do descampado, o velho Ammi Pierce, mas que este não batia muito bem das ideias. Era um velho louco. Impelido pela curiosidade nosso narrador parte para o descampado para conversar com o senhor. Durante a conversa com o velho descobre que, de louco, ele tem muito pouco. Ammi lhe revela algumas das terríveis verdades sobre o que houve naquelas terras, quando um meteoro ali caiu e deu início ao show de horrores que se sucederia a seguir. Claro que não posso contar o houve após a queda do meteoro, mas garanto que é assombroso até para os mais incrédulos.
“Os velhos habitantes se foram, e os forasteiros não gostam de viver lá. Tentaram-no os franco-canadenses, como também os italianos, e os poloneses vieram e se foram. Não é devido a alguma coisa que possa ser vista e tocada, mas por algo que é imaginado. O local não é bom para a imaginação e não traz sonhos repousantes de noite.”
Vamos então ao primeiro ponto que acho merecer destaque: este nome! Gente, de todos os livros que li na vida nenhum tem um nome tão fantástico como este. “A cor que caiu do espaço”! Não sei se é porque sou viciada em histórias que envolvem o extraterrestre, mas esse título carrega uma carga de significados, de expressividade tão grande, que mesmo quem não curte o tema, possivelmente ficaria intrigado pra descobrir o que essa história esconde.
H.P. Lovecraft é dono de uma grande obra em sua relativamente curta carreira. Morreu aos 46 anos, em 1937. Durante sua vida teve um número até pequeno de leitores, vindo a se tornar mundialmente famoso post-mortem e hoje sendo conhecido como um dos maiores e mais influentes escritores de horror do mundo. Em suas obras o que mais podemos destacar são o pavor pelo desconhecido, algo que até hoje nos assombra. A falta de respostas para certas perguntas, nossa incapacidade de desvendar tudo e todas as coisas, e principalmente, de descobrir que o que há “lá fora” gera o horror.
“A cor que caiu do espaço” é um texto super curto que dá pra ler numa sentada. Mas, além disso ela ainda conta muitos pontos a seu favor por ser um texto bem atual, tanto em sua linguagem quanto em suas diversas interpretações e lições que podemos aprender. Destaco a passividade ante aquilo que sabemos que vai dar problema, sabe o famoso “vai dar ruim”? E a nossa eterna prepotência.
Um outro ponto que vale atenção é o texto em si, que evidencia como Lovecraft é gênio. Eu que não sou de ter medo de nada no universo do terror, como dizem, sou cobra criada, senti aquele arrepio na espinha ao imaginar cada uma daquelas aberrações descritas no conto. Ele não tem receio de descrever as situações que nos causam asco e pavor. E sabe um dos fatores que me fazem considerá-lo mestre mesmo? O fato do cara conseguir fazer a gente sentir medo de uma cor. Uma cor nos deixa intrigados, reflexivos. Apenas uma cor!
“Era apenas uma cor vinda do espaço — um mensageiro pavoroso de regiões amorfas do infinito, de uma natureza desconhecida por nós; de regiões cuja simples existência atordoa o cérebro e nos entorpece com os negros abismos extracósmicos que abre diante de nossos olhos.”
Me contem aqui quem já leu ou vai ler e o que acharam. Até a próxima semana!
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Muito bom! Ansiosa pra ler!!!
Ei, Lorena, muito obrigada! Leia mesmo e depois corre me contar se curtiu!
Legal, vou ler!!!
Valeu, Rafa! Leia mesmo, você vai gostar!