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Sigo sobrevivendo até o dia que voltarei a viver: Um relato sobre a depressão

por Redação LiteralmenteUAI
4 minutos de leitura

“Sigo sobrevivendo até o dia que voltarei a viver”: Um relato sobre depressão

A depressão chegou na minha vida como uma visita inesperada em um dia de chuva, sono e preguiça. Nunca soube ao certo como ela tomou conta de mim sem que eu percebesse, mas, no fim, não faz diferença saber ou não!

Ela não pede licença e nem ouve sua opinião, apenas chega e suga toda sua força, alegria e vontade de viver, deixando apenas um buraco onde tudo um dia fez sentido.

Hoje, sou conhecida pelas minhas “manias” e incertezas. Como a depressão tira todo o prazer das coisas que um dia foram boas, tudo se tornou muito difícil. O simples fato de se alimentar vira uma luta diária, nada mais tem sabor. Tudo perde o sentido, qualquer coisa que me cause prazer dura no máximo duas semanas, isso fez com que me tornasse uma espécie de “acumuladora de objetos não mais usados”.

Minha história com a depressão começou aos 13 anos com uma crise de pânico. Hoje, tenho 26, metade da vida “clara” e a outra “cinzenta”. Por falar em cinza, o mundo, realmente, passou a ter essa cor. Tudo que um dia consegui ver com olhos esperançosos, hoje são frios.

A depressão tem um ponto “positivo”. Quem ela não mata, ela torna mais forte, mesmo que essa força seja apenas para lutar contra ela.

Iniciei o tratamento com médicos e medicamentos depois de quatro anos com a doença, anos esses que devo minha sobrevivência exclusivamente a Deus. Família, naquela época, não acreditava que fosse real.

Depois de muito tentar, com terapia, psiquiatras e remédios, mudando o tempo todo, consegui me estabilizar. Recaídas são constantes, mas me tornei quase imune a elas. Porém tenho consciência que sem os medicamentos isso não seria possível.

Ouço algumas pessoas dizerem que sou forte por nunca ter desistido. De certa forma, isso é verdade pois ainda estou viva. Por outro lado, a depressão me tirou todos os sonhos e certezas da vida. Hoje, sou apenas o que restou da devastação que esse “câncer da alma” deixou, mas tenho consciência que sou uma sobrevivente e pretendo continuar sendo.

Não tenho certeza se existe cura para tudo isso, parei de ter esperança e criar expectativas há alguns anos. Hoje, tenho meu trabalho, meu diploma, minha família, meus amigos, minha vida.

Ainda tenho depressão, porém não a deixo tomar tanta proporção quanto antes, aprendi a conviver com ela, não como uma amiga mas como uma visita inesperada em um dia de chuva, sono e preguiça. Espero sinceramente que um dia ela se vá, enquanto isso sigo sobrevivendo até o dia que voltarei a viver!

*Este texto foi enviado por uma leitora que quis compartilhar um pouco de como é sua vida vivida com depressão. O Setembro Amarelo já está no fim, mas a luta contra a depressão e a prevenção ao suicídio precisam continuar. 

Para entender um pouquinho sobre o mundo de quem sofre com a depressão, listamos 6 livros infanto-juvenis que ajudam a desmistificar a doença. Clique para conhecer.

Destacamos que não é fácil pedir ajuda, e pensando nisso O CVV – Centro de Valorização da Vidaoferece apoio emocional gratuitamente e sob total sigilo, por telefone 188, e-mail e chat 24 horas diariamente. 

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