Sou mulher… Sou negra
Sou mulher.
Sou negra.
Não sei até onde meu ódio é necessário ou nocivo
Meu ódio é vivo
É ruidoso, eu vibro
sapateio e brinco no ritmo das minhas circunstâncias.
Queria me despir do traje de luta
mas não se tira férias da militância
de simplesmente poder existir.
Ser quem sou.
Viver sem morrer. Simples assim.
essa sensação de estar sempre com um sapato apertado e de salto fino
a porra do dia todo
Eu nunca gostei de usar salto
Eu nunca nem gostei de usar sapato
mas me vi obrigada.
Deixei de ser refém da moda
pra ser refém dos meus ideais
o que não escrevo
digo quando abraço minhas Irmãs
e as parabenizo por serem quem são.
Tudo em mim estilhaça
esse caminho eu prefiro trilhar descalça
de mãos dadas
meu próprio vidro me fere
É ruidoso, eu vibro
gosto de caminhar sob o sol
mas quando a sombra me alcança é um alívio.
Sinto medo, repulsa, cobrança
luto como quem dança
talvez essa seja a diferença
sapateio e brinco no ritmo das minhas circunstâncias.
Escrevo como quem compõe
o que não escrevo
digo quando abraço minhas Irmãs
e as parabenizo por serem quem são.
Te indigna a indignação
te assusta o tamanho do power que tem no black
cada um de nós é pantera
pronta pra guerra
meu ódio é vivo
o sentimento mais próximo do amor.
Sou mulher. Sou negra.
Não espere que eu me esqueça.
Te indigna a indignação
punhos cerrados em oração
Sou mulher. Sou negra.
E assim eu nasceria mais um milhão de vezes
Sou mulher. Sou negra.
E assim eu nasceria mais um milhão de vozes
Sou mulher. Sou negra.
Pela dor. Pela cor.
meu ódio é vivo
o sentimento mais próximo do amor…
Poema de autoria da seguidora Vitória Diniz, que enviou o seu texto para o contato@literalmenteuai.com.br . Agradecemos a confiança!
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Consistente e pulsante.