Escritoras mineiras que você precisa conhecer
As mulheres leem mais que os homens. É um fato confirmado e reafirmado em diversas pesquisas, como a realizada pelo Instituto Pró-livro em 2016, que revelou que 59% das mulheres entrevistadas afirmaram ser leitoras. O percentual entre os homens ficou em 52%, portanto elas dominam a literatura nacional. Mas a grande participação das mulheres leitoras não se reflete, do outro lado, no das escritoras. Para se ter uma ideia, na lista dos 10 livros mais vendidos de 2017, segundo dados do site Publishnews, apenas uma mulher figurava no top 10 dominado por homens e livros de autoajuda. Essa mulher é a cantora Rita Lee, com o livro que traz a sua biografia.
Outro dado relevante, sobre a participação das mulheres na literatura nacional, é que dos 40 membros efetivos da Academia Brasileira de Letras, apenas 5 cadeiras são ocupadas por mulheres. Na Academia Mineira de Letras, esse número é ainda menor, apenas 4 de 40 cadeiras são ocupadas por uma mulher, dentre elas a presidente da casa, Elisabeth Fernandes Rennó de Castro.
Mesmo em um forte momento da presença do feminismo na mídia e nas redes sociais, ainda é preciso buscar e valorizar as escritoras que conseguem publicar e colocar os seus livros à venda. A participação do leitor nesse reconhecimento é de extrema importância, não apenas em datas comemorativas, como o Dia Internacional da Mulher, quando os olhos estão voltados para elas, mas ao longo do ano, incluindo nas suas metas de leitura, livros escritos por mulheres. Esta dica é válida para todos os leitores, inclusive os homens.
Por isso, decidimos dar uma ajudinha na hora de buscar essas autoras e refinar ainda mais a busca, valorizando a literatura mineira. São escritoras de épocas diferentes, com pensamentos e vivências diferentes, mas que carregam mensagens únicas para os seus leitores. Quero ressaltar o talento dessas mineiras que você, se ainda não conhece, precisa ler.

Imagem: Internet
Adélia Prado: Mineira da cidade de Divinópolis, Adélia Luiza Prado de Freitas, ou apenas Adélia Prado, é professora, filósofa, poetisa e contista. Vencedora de vários prêmios literários, entre eles, o Jabuti em 1978, com o livro “Coração Disparado”, ela tem mais 20 livros publicados, entre: poemas, antologias e romances. Adélia é famosa pela escrita simples e suave. Seus textos são fáceis de ler, e giram em torno do dia a dia, falam sobre a fé cristã, alegria e principalmente sobre a mulher. Adélia ficou conhecida por apresentar um olhar feminino na literatura brasileira, sob a benção do poeta Carlos Drummond de Andrade, que incentivou a publicação dos seus poemas.

Imagem: Internet
Ana Maria Gonçalves: Nascida na cidade de Ibiá, interior de Minas, Ana Maria abandonou a carreira de publicitária em 2002, para se dedicar à literatura. É autora de um dos livros mais procurados e recomendados, principalmente, no meio acadêmico, o romance histórico “Um defeito de cor”, que conta a história de Kehinde, uma africana capturada ainda criança e trazida como escrava para o Brasil. Ana Maria tem dois livros publicados: “Ao lado e à margem do que sentes por mim” e “Um defeito de cor”.

Imagem: Internet
Carolina de Jesus: Conhecida pelo livro “Quarto de despejo – Diário de uma favelada” (1960), Carolina nasceu em uma comunidade rural em Sacramento, interior de Minas Gerais, mas foi em São Paulo que viveu grande parte da sua vida. Moradora de favela, ela colocou em um diário, detalhes do seu dia a dia sofrido como catadora de papel, e as dificuldades para sustentar a si e aos seus três filhos. Amante da literatura, ela lia tudo o que recolhia do lixo, e colocava suas reflexões e vivências do seu dia a dia de mulher pobre, negra e moradora de favela, em cadernos também vindos do lixo. O olhar de Carolina sobre o cotidiano é de extrema importância para compreensão de problemas estruturais como desigualdade social e racismo, que perduram até hoje. Carolina publicou 8 livros, muitos deles após a sua morte, em 1977. Suas obras já foram traduzidas para mais de 10 países e se até os gringos estão lendo Carolina de Jesus, você também precisa ler.

Imagem: Grupo Autêntica
Paula Pimenta: É simplesmente a maior referência em literatura infanto-juvenil da atualidade. Pimenta arrasta uma legião de adolescentes, apaixonadas pelas suas histórias e tem uma missão muito importante em tempos de Whatsapp e redes sociais, que é mantê-los ativos na leitura. Paula já tem 17 livros publicados, que somam mais de 1 milhão de vendas. Além dos adolescentes brasileiros, ela também conquista fãs no exterior, seus livros já foram publicados em países da América Latina e Europa. Tem resenha aqui.

Imagem: Internet
Conceição Evaristo: Escritora e poetisa, nasceu em BH, viveu grande parte da sua vida em uma favela da capital, e é conhecida por abordar em suas obras o racismo e a condição da mulher negra no Brasil. Já ganhou os principais prêmios literários do país, entre eles o “Jabuti” em 2015 e teve livros e contos traduzidos para diversas línguas. Se você quer conhecer um pouco da realidade brasileira, aos olhos de quem realmente a viveu, inclua Conceição Evaristo na sua meta de leitura. Veja a resenha de um dos livros mais marcantes da Conceição, “Becos da Memória”.

Imagem: Intríseca
Daniela Arbex: Nossa representante do jornalismo literário nasceu em Juiz de Fora. Daniela é uma das jornalistas mais premiadas do país, por seus trabalhos no jornalismo e na literatura. Já publicou 3 livros-reportagem trazendo a investigação de fatos que chocaram o país: O genocídio de mais de 60 mil pessoas em um hospital psiquiátrico em Barbacena “Holocausto Brasileiro” (2013). Em “Cova 312” (2015) a jornalista joga luz sobre a história de Milton Soares, único militante morto, na Penitenciária de Linhares, em Juiz de Fora. Em “Todo dia a mesma noite” (2018) um relato chocante das vítimas da tragédia na Boate Kiss. Confira a resenha de suas obras aqui.

Imagem: BH Eventos
Elisabeth Rennó: É a atual presidente da Academia Mineira de Letras. Elisabeth é contista, poetisa, cronista, novelista e ensaísta. Mineira da cidade de Carmo de Minas, ela tem 11 livros publicados, participação em diversas antologias e uma enorme coleção de prêmios, medalhas e honrarias.

Imagem: Josiane Gonçalves
Lavínia Rocha: É a mais novinha desta lista. Com apenas 20 anos, Lavínia já tem 5 livros publicados e é sucesso absoluto em escolas. Suas obras conversam diretamente com o público infanto-juvenil, em uma linguagem simples, direta e carregada de grandes ensinamentos. Nos seus livros, ela aborda questões importantes como a inclusão e o empoderamento feminino. Lavínia é mineirinha de BH. Confira a resenha de suas obras aqui.

Imagem: Skoob
Lúcia Machado de Almeida: Reconhece esse nome? Não! Lúcia é a dona de uma das histórias que marcaram a infância de uma geração de brasileiros: “O escaravelho do diabo”. Se a Paula Pimenta conquista os adolescentes de hoje, Lúcia conquistou os pais desses adolescentes, com um acervo literário voltado para os jovens dos anos 80. Nascida na Fazenda Nova Granja em São José da Lapa, região metropolitana de BH, Lúcia publicou mais de 16 livros e é lembrada pelo trabalho realizado na divulgação de temas do patrimônio e da cultura mineira.

Imagem: Elis Souza
Madu Costa: Literatura infantil de qualidade é com essa mineira de Belo Horizonte. Ela é professora e já tem 11 livros publicados. Destes, oito tem personagens negros, contribuição da escritora como cidadã e mulher negra, para preencher a ausência de negros no papel de protagonistas na literatura. Destacamos para as crianças, “Meninas negras” (2010) e “Cadarços desamarrados” (2009). E para os adultos, “Zumbis dos Palmares – Em cordel” (2013).

Imagem: Amazon
Mallerey Cálgara: Nasceu na cidade de Carmo do Cajuru. Mallerey tem 13 livros publicados, além de contos e e-books. Mallerey escreve romance, drama e também fantasia. Confira resenha aqui.

Imagem: Internet
Marina Carvalho: Natural de Ponte Nova, Zona da Mata mineira, Marina é professora de literatura e língua portuguesa. Já tem oito livros publicados, além de e-books, crônicas e contos. As histórias da Marina são bem mineirinhas, com diversas referências da nossa cultura. Confira a resenha de suas obras aqui.

Imagem: Acervo pessoal
Stella Maris: É desenhista, cantora, escritora e atriz. Nasceu na cidade de mineira de Dores do Indaiá. Ela já tem mais de 40 livros publicados, três vezes ganhadora do Prêmio Nacional de Literatura João-de-Barro e ganhadora do Prêmio Jabuti com o livro “A mocinha do Mercado Central”, veja a resenha aqui.
A nossa ideia aqui é apresentar apenas uma fagulha dessa imensidão que é o movimento literário mineiro. Valorizar a literatura nacional, sobretudo a escrita por mulheres, para que as suas histórias sejam inspiração na vida de outras mulheres e despertem as escritoras encobertas pela sociedade machista. E esse reconhecimento vem, principalmente, quando o leitor busca saber mais.
É claro, que não conseguimos incluir nesta lista todas as escritoras mineiras e infelizmente cometeremos algumas injustiças, mas já estamos preparando uma segunda lista. Contamos com as suas dicas!
1 comentário
Escrevo porquê isso me faz feliz. Publicar um livro é ver o filhinho de seu coração nascer para o mundo. “Sem lenço… sem documento” e sem mídia, aos 81 anos estou escrevendo meu sétimo livro. Sou mineira, de Sabará. Ah, esqueci de dizer, escrevo poesias, contos e romances. Lancei o último livro, um romance, Joana, em setembro de 2017. Boa tarde.