Todo mês, vamos apresentar um escritor brasileiro e destrinchar os seus trabalhos nas sessões do LiteralMente, Uai. O objetivo é mostrar os talentos da nossa literatura que não perdem em nada para a literatura estrangeira. E, para inaugurar esse espaço, nada melhor do que uma escritora jovem, mineirinha e que fala muito bem a linguagem da nova geração de leitores, Lavínia Rocha, nossa autora do mês de outubro.
Alegre, comunicativa e criativa, Lavínia exibe um sorriso tão marcante quanto seu talento. Aos 20 anos, a autora tem cinco livros publicados e se define como alguém que, apesar de ter medo de arriscar, não deixa que as inseguranças da vida a faça perder oportunidades. “Eu busco muito e corro atrás”.
Amadurecimento literário
Aos 11 anos, muito precocemente, Lavínia Rocha lançou seu primeiro livro, “Um amor em Barcelona”. O romance é sutil e delicado, envolve o leitor numa história cercada por conflitos e incertezas da adolescência. Hoje, sete anos depois do lançamento, Lavínia ainda admira seu primeiro título e afirma que não mudaria nada na história. “Vejo coisas de mim aos 11 anos. Se eu fosse escrever ‘Um amor em Barcelona’ hoje, não sairia da mesma maneira, mas se publiquei assim, eu quero assim”, destaca.
De escritora totalmente romântica (o que pode ser visto no livro “Um amor em Barcelona”, Lavínia se tornou uma escritora empoderada que luta pela igualdade e contra preconceitos. Nas páginas de seus livros mais recentes, a escritora fala sobre racismo, inclusão social e o poder da mulher. “Nos meus livros, os leitores vão encontrar uma mistura. Romance, aventura, mistério e sempre algum tema de cunho social, como o racismo, o preconceito e bullying, por exemplo”, conta Lavínia.
Em “De olhos fechados”, Lavínia Rocha escreveu sobre Cecília, uma protagonista cega, que, segundo a autora, reforça a necessidade de se pensar a questão inclusiva. O mais interessante é que o título é o mais adotado pelas escolas. “Eles [os professores] têm feito um trabalho bem legal em cima do tema. A escola trabalha como é guiar um cego e também como é ser guiado. Nesse sentido, tem feito com que os meninos cresçam muito”, destaca.
Ela já visitou mais de 100 escolas divulgando as suas obras e cerca 30 já adotaram os seus livros como leitura para ser trabalhada em sala. Um exemplo desse sucesso é uma lista de espera na biblioteca da Escola Municipal Milton Campos para ler os livros da nossa autora do mês.
Segundo Lavínia, “De olhos fechados” teve um papel muito importante em sua vida, antes de chegar aos leitores a mudou muito. “Vi sobre a questão do preconceito, como é uma pessoa cega, percebi que não é aquilo que a gente sempre imagina. Depois, quando ele chegou aos leitores, eu percebi que quebrei vários estereótipos”.
Durante o processo de criação da história e também da personagem Cecília, Lavínia teve um trabalho pesado de pesquisa. “Pesquisei muito. Assisti ao curta ‘Eu não quero voltar sozinha’ e me apaixonei por ele. Li blogs pessoais, sites do governo, tudo sobre cego. Demorei um ano para escrever”. Quanto ao retorno dos leitores, a escritora fica feliz em dizer que foi muito bom. “Uma escola do Ceará adotou ‘De olhos fechados’. Uma aluna que é cega se sentiu representada com o livro e se emocionou muito. É muito importante atingir o público que você quer e ter esse retorno foi muito importante para mim”, conta Lavínia emocionada.
Outro retorno muito gratificante para Lavínia foi ter “De olhos fechados” publicado em braile, acessível aos deficientes visuais.
Descoberta na fantasia
Atualmente, Lavínia Rocha está escrevendo o terceiro livro da trilogia “Entre 3 mundos”. A série marca a entrada da autora no universo da fantasia, local onde Lavínia se encontrou. Na história, Alisa é uma personagem que se vê dividida entre três mundos. O mais interessante é que Lavínia usa a divisão desses mundos como forma de crítica ao preconceito social, racial, de gênero e tantos outros, e aproveita a deixa para falar de como as coisas poderiam ser diferentes se a intolerância não existisse.
Influências da família e da escola ajudaram na formação de Lavínia Rocha como leitora
Antes de se tornar escritor, é necessário ser um leitor, amar as palavras e ter carinho pelos livros. No caso de Lavínia Rocha, tudo começou quando ela era bem pequena e nem sabia ler ainda. “Eu era muito bagunceira e minha mãe usava os livros para me distrair. Ela lia para mim e eu olhava as imagens”, conta a escritora.
Mas, foi na escola que Lavínia descobriu o fantástico mundo da literatura e se tornou uma leitora voraz. Segundo ela, uma bibliotecária faz toda a diferença na vida de um estudante, como foi seu caso. “Fui estudar numa escola onde a bibliotecária era muito presente. Ela me incentivou muito a ler e foi neste momento da vida que conheci Pedro Bandeira e fiquei encantada”. Os livros da escritora Talita Rebouças também foram presenças marcantes na vida de Lavínia como leitora. “Conheci Talita Rebouças e virei uma leitora voraz. A leitura é um hábito que quando a gente pega, acabou, não conseguimos abandonar”, conta.
Com a proposta de todo mês apresentar um escritor brasileiro por meio das suas obras e curiosidades, encerramos a sessão autor do mês de outubro de 2017. Foi um prazer ter a autora mineira Lavínia Rocha como nossa autora do mês de outubro. Adoramos apresentá-la aos leitores e também conhecer um pouquinho das suas obras.
“Um amor em Barcelona” nos apresentou o lado mais amorzinho das histórias de Lavínia. Com seus personagens, passamos pela descoberta do primeiro amor e pelos conflitos da adolescência.
Em “De Olhos Fechados”, conhecemos o lado mais humano da autora e terminamos a leitura com a percepção de que pequenos gestos podem fazer toda a diferença na vida de uma pessoa com deficiência visual.
Na série “Entre 3 Mundos”, mergulhamos no lado mais aventureiro da escritora com a primeira história fantástica escrita por ela e estamos ansiosos pela continuação. Nos apaixonados por cada um dos personagens e por suas particularidades. Nos apaixonamos também pelo talento, simpatia e carisma de Lavínia e agradecemos muito todo o carinho e disponibilidade que a autora nos dedicou. Obrigado Lavínia!
Conheça mais um pouquinho da Lavínia Rocha.
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