Fevereiro é o mês da Daniela Arbex e do Jornalismo literário
Um livro-reportagem é a mistura de dois gêneros: o literário e o jornalístico. Quando o assunto a ser desenvolvido é muito extenso, cheio de detalhes e nuances, o autor, muitas vezes, opta por desenvolver um livro, que contém o espaço necessário para contar aquela história. Essa é a especialidade da nossa autora do mês, Daniela Arbex, autora do best-seller “Holocausto Brasileiro”, que já vendeu mais de 300 mil cópias no Brasil e no exterior e foi eleito melhor Livro-Reportagem do ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte em 2013 e segundo melhor Livro-Reportagem no prêmio Jabuti em 2014.
Daniela é uma das jornalistas mais premiadas do país por seus trabalhos tanto no campo exclusivo do jornalismo, quanto literário. Já figurou no prêmio Jabuti, um dos mais importantes da literatura brasileira, duas vezes, em primeiro e segundo lugar na categoria Livro – Reportagem. Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) na categoria literária pelo “Holocausto brasileiro”, eleito o melhor livro reportagem do ano. Foi vencedora também de alguns importantes prêmios internacionais como o Knight International Journalism Award (Estados Unidos), Prêmio IPYS de Melhor Investigação Jornalística de um Caso de Corrupção na América Latina e Caribe e muitos outros.
Mineira de Juiz de fora, Daniela tem 44 anos e já tem três livros publicados: “Holocausto Brasileiro” (2013), “Cova 312” (2015) e “Todo dia a mesma noite” (2018). Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora, trabalha há mais de 20 anos no Jornal Tribuna de Minas, como repórter especial. Ela ganhou notoriedade nacional após o lançamento do seu primeiro livro “Holocausto Brasileiro”, em que realiza um minucioso trabalho investigativo para contar a dolorosa história por detrás das grades do Hospital Colônia em Barbacena, onde mais de 60 mil pessoas morreram. Com imagens estarrecedoras e relatos chocantes, Daniela trouxe a tona a verdade sobre o genocídio ocorrido dentro dos muros do Colônia. Confira a resenha do livro aqui. O livro também deu origem a um documentário produzido pela HBO e exibido para mais de 20 países.
Confira o Booktrailer:
https://www.youtube.com/watch?v=hZSwEuGj1xU
Em seu segundo trabalho, “Cova 312”, Daniela abraçou a história da ditadura brasileira por meio de um relato nunca antes contado e um profundo trabalho de investigação para trazer a tona uma história que estava até então muito bem enterrada em uma tonelada de segredos. A jornalista joga luz sobre a história de Milton Soares, único militante morto na Penitenciária de Linhares, em Juiz de Fora. Narrado em forma de romance, o livro revela o sofrimento de Milton e sua família antes e durante sua prisão e após sua morte. Um relato denso e cruel de um dos momentos mais obscuros da história do país. Leia a resenha.
Confira o Booktrailer:
Em sua terceira publicação, Daniela se enveredou pelas histórias do trágico incêndio da Boate Kiss em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, com a obra “Todo dia a mesma noite”. Um relato realístico retirado de mais de 100 entrevistas com familiares, sobreviventes, profissionais da saúde e muitos outros envolvidos, e mais de 20 mil páginas do inquérito policial. Nas páginas do livro, Daniela dá voz aos afetados por uma das maiores tragédias do país e que marcou para sempre a vida de um estado e uma nação inteira. Leia a resenha.
Confira o Booktrailer :
Nos três livros, Daniela aborda temas fortes que chocaram o Brasil, e conta que já sofreu represálias por tocar nessas feridas. “Já sofri muitas ameaças ao longo dos meus 22 anos de carreira exatamente por dar visibilidade a temas que estavam esquecidos pela história. Mas esse é o trabalho do jornalista: jogar luz sobre questões tratadas na obscuridade”, conta. Os temas tratados nas publicações também mexeram com Daniela, que detalha o que a chocou em cada livro. “No ‘Holocausto Brasileiro’ foi descobrir que o Brasil desconhecia uma de suas maiores tragédias. No ‘Cova 312’, descobrir a farsa montada pelo Exército para esconder o assassinato de um membro da guerrilha do Caparaó. E, no ‘Todo dia a mesma noite’, perceber o tamanho da devastação provocada pela Kiss na vida das famílias e dos profissionais de saúde que trabalharam no evento”.
Como você escolhe suas pautas?
Procuro sempre abordar temas socialmente relevantes e dar voz para pessoas sem visibilidade. Muitas vezes, porém, não sou eu que escolho a história que vou contar, mas me sinto, de alguma forma, escolhida por ela. Foi assim com “Todo dia a mesma noite”, quando um radialista do grupo de comunicação no qual trabalho me disse que tinha conhecido uma enfermeira em Santa Maria e que eu precisava contar a história da tragédia da Kiss. Na hora, só sorri, mas a insistência dele me tocou a ponto de eu iniciar a busca das famílias.