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Literalmente depois dos 30

por Redação LiteralmenteUAI
4 minutos de leitura

 

Literalmente depois dos 30

Por: Samuel Reis

Depois dos 30 algumas coisas se tornam primordiais na vida de quem olha para trás e entende o quanto foi percorrido, o preço de cada distração e a dor ao lembrar-se de cada pedra que levou às quedas e tropeços de um passado que não é tão distante quanto imaginamos. Parece uma avalanche de sentimentos e sensações e a gente se dá conta de que foi apenas o tempo que voou.  A partir daí decisões por mais simples que sejam, ganham um peso bem maior. 30 anos é a idade onde geralmente nós começamos a entender a lei da ação e reação e sua aplicação conosco e com as pessoas do nosso círculo de relacionamentos. Este é um período em que tudo, tudo coopera para uma reflexão que mesmo sendo opcional, uma hora nos pega numa curva não nos dando chances de empurrar com a barriga ou fugir como fazíamos na infância e juventude. É a marca de uma fase em que tudo que foi fardo até então começa a ser questionado. Fase ideal pra abandonar alguns pesos e seguir mais leve na caminhada.

Os propósitos mudam, os conceitos mudam, as cias (maioria delas) também mudam porque nesse período algumas mudanças drásticas acontecem e nem todos estarão dispostos a acompanhá-la. Existe uma maturidade nesse momento guardada numa caixa ou sendo constantemente utilizada, pois mesmo que a gente queira, não dá pra sofrer da síndrome de Peter Pan por muito tempo e o conceito da “juventude eterna” entra em discussão.

Há uma necessidade maior de estar percorrendo um caminho que posteriormente não nos presenteará com aquela sensação de que as escolhas deveriam ser outras. O coração e a razão começam a alternar em nossas ações. Uma seleção natural se inicia da quantidade que vai sendo substituída pela qualidade. Aliás, qualidade é a chave da autoaceitação dos 30 anos. O sentimento de ser legal com todo mundo e fazer o bem a todos começa a ser questionável. Mas se essa fase se torna tão primordial, então por que algumas pessoas começam a ter uma auto-rejeição, não vestindo a carapuça da idade atual? Por que é tão difícil encarar que a idade exige maturidade?

A questão é que o coração já foi desapontado algumas vezes, as mentiras já construíram castelos de areia que desmoronaram o álbum de recordações da mente e algumas cicatrizes com certeza poderão influenciar decisões até o fim da vida se nada for feito na tentativa de curá-las. Nossas árvores internas já passaram por ciclos ininterruptos das 4 estações e as mudanças continuarão acontecendo, não importa quantas folhas tenham caído pelo chão. Novas folhas virão, frutos e flores também. Enquanto houver vida, haverá constante necessidade de adaptação.

Perdoar e se perdoar. Permitir e se permitir. Consertar e deixar ser consertado. Curar e deixar ser curado. Amar e deixar ser amado. Ainda haverá tempo, mas talvez não o suficiente. A única certeza que paira é a que muito tempo passou. O futuro é incerto e não sabemos onde nossa jornada termina. Por isso, os 30 intensificam um termo comumente associado somente à “geração Y” que já nasce com ele, o imediatismo. A “geração X” adquire-a no meio do caminho, fazendo das lições apreendidas degraus para as lições que ainda virão. A escada é sempre longa e ainda há muito o que subir.

A coluna Depois dos 30 é publicada aqui toda quinta-feira. As opiniões e fatos não refletem necessariamente a opinião de todas as mulheres que já passaram dos 30, mas sim a vivência das colunistas deste site.
Envie seu e-mail para a colunista: elis@literalmenteuai.com.br

Ainda não fez 30, temos uma sessão especial para você! “Antes dos 30” e “Antes dos 30, com filhos“.

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1 comentário

Joseane Santos 23 de novembro de 2017 - 08:00

Ai meu Deus, como essa coluna me representa. Apesar de ter passado e muito dos 30, ainda tenho tantos questionamentos…Senhor.
Parabéns Samu…está arrasando.S2

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