Sidney Poitier em “Adivinhe quem vem para o jantar”.
Durante o seu discurso no Globo de Ouro, Oprah Winfrey falou sobre a sua lembrança de assistir o ator Sidney Poitier, recebendo o Oscar de melhor ator, em 1964. Para Oprah, Poitier é o homem mais elegante que ela já viu e até então, ela nunca havia visto um homem negro ser celebrado daquela forma. Concordo com Oprah, Sidney Poitier é sim, um dos homens mais elegantes que já vi, e hoje, quero celebrar toda essa elegância, falando sobre um dos filmes que eu mais admiro.
“Adivinhe quem vem para o jantar” é um filme de 1967 e se tornou um marco ao discutir as questões de miscigenação racial no casamento. John Pretince (Sidney Poitier) é um doutor ilustre, possui um currículo invejável e, é um homem extremamente charmoso e inteligente. Joanna (Katharine Houghton) é uma garota linda, inteligente e muito decidida. Os dois se apaixonaram durante uma viagem para o Havaí e Joanna decide apresentar John, para Matthew (Spencer Tracy) e Christina (Katharine Hepburn), seus pais. Matthew é um militante liberal que passou a vida lutando pelos direitos raciais. Christina é dona de uma galeria e passou a vida apoiando o marido nas suas causas.
Durante a década de 60, movimentos de luta pelos direitos civis dos negros lutavam por mudanças nas relações sociais e por garantir direitos iguais, entre negros e brancos. Nesse período, a segregação racial ainda era institucionalizada. Em alguns estados, o casamento inter-racial era proibido por lei e os negros ainda lutavam pelo direito ao voto.
O filme começa com os personagens John Prentice e Joanna chegando de viagem. Desde o início, percebemos o choque das pessoas, ao se deparar com um casal inter-racial. O motorista do táxi olha pelo retrovisor, de forma disfarçada, a diretora da galeria, olha para John, com um olhar desconfiado. Mas o grande embate, vai acontecer mesmo, no momento em que os dois chegam na casa de Joanna e precisam lidar com os pais da jovem.
Acredito que uma das grandes sacadas desse filme, é o fato dos pais de Joanna serem liberais. Se os pais fossem racistas, contrários aos direitos civis para negros, não haveria os diálogos e nem uma trama tão inteligente, quanto a que acompanhamos no decorrer da história. Percebemos, no decorrer do filme, que o racismo estava tão enraizado que, mesmo uma pessoa que lutou por anos, pelos direitos civis, se viu chocado ao encontrar a filha, ao lado de um homem negro.
Em “Adivinhe quem vem para o jantar” você encontra diálogos repletos de emoção, atuações maravilhosas, grandes atores e uma obra cinematográfica que levanta grandes discussões, inclusive, nos dias atuais. Imagino a reação das pessoas ao sentarem nas poltronas de cinema, na década de 60, para assistir um filme em que, Sidney Poitier, Spencer Tracy, Katharine Hepburn e Beah Richards, falam sobre racismo. Realmente, esse filme foi um marco.
Se você ainda não assistiu, assista. As atuações são fantásticas!
Trailer oficial:
Gostou do post? Temos outras postagens na Coluna Mofinhos!
Envie seu e-mail para a colunista: afia@literalmenteuai.com.br