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Série os Rothwells – Madeleine Hunter

por Elis Rouse
10 minutos de leitura

Série os Rothwells – Madeleine Hunter

A série Os Rothwells conta a história dos irmãos Hayden, Elliot, Christian e da Roselyn Longworth, uma personagem importante que figura em todas as histórias. O ano é 1820, as convenções e regras da sociedade estão a pleno vapor na Inglaterra e Itália, onde se passam as obras.

São histórias de amor, romances dos chamados de época, que tem como foco o romance picante entre os personagens, mas que implicitamente trazem no em torno um contexto histórico valiosíssimo, no que tange a situação da mulher, relegada a solteirona nos seus vinte e poucos anos, a superioridade masculina, a força de uma reputação que destrói, mas que também serve de escudo para homens e mulheres que possuem uma boa quantia de dinheiro ou um título familiar.

A série de quatro livros é uma publicação da Editora Arqueiro, especialista em romances de época. 

As regras da sedução: É história de amor entre Lorde Hayden Rothwell e Lady Alexia Welbourne. Ele um lorde bem-sucedido nos negócios, de reputação impecável, mas descrente no amor, em razão do relacionamento dos pais, que aliás vai assombrar os irmãos. Ela, uma solteirona órfã, que após a morte dos pais, se viu obrigada a morar de favor com os primos, a tradicional família Longworths. E sabemos que esses favores, costumam sair bem caros.

Após descobrir uma fraude no banco de sociedade dos primos de Alexia, Lorde Hayden, ameaça mandar o gastador Timothy a forca caso ele não devolva o dinheiro. Para isso, ele terá que vender todos os bens, causando assim a ruína da família para a tristeza das irmãs Roselyn, uma solteirona assumida, e Irene, que está à espera de sua pomposa apresentação a sociedade. Essa derrocada leva a família a viver no interior, e deixa Alexia sem rumo. Sem ter o que fazer, Alexia aceita continuar morando na casa, como dama de companhia da tia de Hayden e preceptora de sua prima.

Obviamente a proximidade entre os dois, a sinceridade e honestidade de Alexia que encanta Hayden, e aquela famosa tensão sexual palpável, vão unir esse casal. Uma relação que a princípio, se dá pela conveniência, mas que vai evoluindo, construindo laços e rompendo qualquer barreira, inclusive a oposição familiar e os fantasmas do passado.     

As regras da sedução é romance gostoso de ler, mas é sobretudo sobre honra e o poder de uma palavra dada. Em toda a história, Lorde Hayden é acusado de arruinar a vida dos parentes de Alexia, que pintam o homem como um verdadeiro monstro, quando na verdade ele não é, e por dar sua palavra de honra ele não desfaz essa mentira.

O livro um nos apresenta os personagens que protagonizarão os próximos romances. Gostei bastante da história por trazer elementos para além do romance, como a investigação acerca da fraude do banco, a causa da morte do primo Benjamin e as reviravoltas da história. Contudo, o título da obra não fez jus ao livro, o amor dos dois não segue regras, simplesmente flui, é livre e muito bonito.

“Ela entra nesta igreja sem depender de homem algum, então nenhum homem deve entrega-la a outro. Ela vai abrir mão da liberdade por sua própria vontade, para o bem ou para o mal, e é uma pena que a igreja não esteja cheia de gente para ver o quanto isso é verdade.” (pág.145).

 

Lições do Desejo: Lorde Elliot Rothwell é o irmão mais novo da família Rothwell. Quando Christian descobre que uma biografia está para ser lançada e que nela há relatos que comprometem a reputação de sua família, Elliot é incumbido de negociar com o editor, para que esse trecho seja retirado do livro.

Contudo, essa decisão está nas mãos de ninguém menos que Phaedra Blair, uma mulher considerada excêntrica, por não seguir, as regras e convenções sociais. Phaedra é uma ruiva maravilhosa, que só usa preto sem estar de luto, os cabelos sempre esvoaçantes, e a roupa fora de moda. Esse conceito vem de família, sobretudo da mãe, que pregou até os últimos dias de vida, o amor livre e condenou as regras sociais impostas às mulheres.

“_Ela herdou a inteligência dos pais, junto com a indiferença pelas convenções sociais e pelas regras de conduta.” (pág.10)

Phaedra é a melhor amiga de Alexia, cunhada de Elliot, que já havia ficado impressionado com a moça no casamento do irmão.

Os dois se encontram na Itália, onde escandalosamente Phaedra foi sozinha, sem dama de companhia, para investigar a autenticidade de um camafeu dado por sua mãe e também esclarecer questões acerca da biografia comprometedora de seu pai. Em terras italianas a moça acabará sendo a razão de um duelo e acabará presa, sendo libertada pela palavra de honra de um lorde inglês, que por acaso é Elliot.

Sob a custódia do bonitão, Phaedra precisará segui-lo a lugares paradisíacos enquanto faz a pesquisa para um novo livro, como Pompeia a cidade perdida e Nápoles.

Obviamente a tensão sexual entre os dois falará mais alto, e eles acabarão se envolvendo. Nessa história, é a mulher que se opõe a casamento ou qualquer relação em que se verá presa a um macho. As ideias “feministas” de Phaedra serão o impedimento do amor, além de claro a persuasão quanto a publicação do trecho que compromete sua família. Questões de honra e liberdade.

Apesar de Elliot ser um fofinho, e não ter ideias machistas, ele apenas segue as convenções sociais embora discorde de boa parte delas, Phaedra fica naquele jogo de gato e rato, para não ceder a uma suposta submissão, embora na cama, as coisas sejam bem diferentes. Os dois resolvem todas as tensões com sexo, e fazem dele o subterfúgio em toda a trama, fazendo com que o livro seja arrastado e cansativo. É obvio que os dois se amam, mas até chegar no final feliz, muito texto foi desperdiçado.   

Jogos do prazer: Para quem leu os dois primeiros livros e achou que Roselyn Longworth, prima de Alexia, merecia ser feliz depois de tudo o que os irmãos aprontaram, sim! Ele vem aqui neste livro. Mas antes a mocinha vai comer o pão que o diabo amassou nas mãos de Lorde Norbury, que além de manchar a reputação de Roselyn, a leiloa durante uma orgia, tudo para se vingar de seu irmão.

Kyle Bradwell, um homem sem título, rico pelo seu esforço e trabalho, aparece por acaso na festa e para evitar que Roselyn caia nas mãos dos “porcos” amigos de Norbury, acaba dando um lance e arrematando a bela mulher, que aliás, já havia cobiçado, sem nenhuma pretensão de alcançar.

O jogo das convenções sociais, o preconceito com a mulher solteira, as regras impostas por uma sociedade intolerante, sobretudo com a mulher, o peso de uma reputação e um título, são alguns dos elementos que movem essa linda história de amor.

É a redenção de dois jovens com destinos e origens distintas, ambos vítimas da ganância de homens poderosos, de uma sociedade acusatória, e que juntos darão a volta por cima para viver seu amor, construir sua família, e serem felizes. Eu amei!

Segredos de um pecador: Encerra a série Os Rothwells com a história de amor do personagem mais excêntrico dos romances de época, Christian Rothwell, o marquês de Easterbrook.

Por ser o primogênito, dono de um título que Christian só usa para tirar os irmãos e outros personagens bonzinhos de enrascadas, sua participação ao longo de toda série garantiu boas e engraçadas tiradas, e deixou no ar um enigma, por que ele ficava tão sozinho, a margem da sociedade. A resposta vem logo no primeiro capítulo, Christian faz uso de uma técnica de meditação que aprendeu durante um período que passou na China. O objetivo da meditação é silenciar um dom herdado da mãe, e que atormenta o marquês.

Durante sua passagem pela China, Christian disfarçado de Edmund, um naturalista inglês, despretensioso, conheceu Leona, filha de um comerciante da região. Se encantou pela moça, contudo, às pressas precisou fugir do país para sobreviver a um ataque criminoso. A treta envolve o contrabando de ópio, o envolvimento da Companhia Britânica das Índias Orientais e lordes ingleses.

Sete anos após a fuga de Christian, os dois se reencontram em Londres. E têm química e das boas! O momento é completamente diferente, Christian é um homem poderoso e Leona uma mulher poderosa, com a fama de navegar em mares com piratas. De cara ela já faz amizade com Phaedra e começa a contribuir para um periódico totalmente feminino. Gostei desta pincelada feminista.

Além do sexo bom, tem ainda a perseguição sanguinária dos lordes a Leona, que rende boas cenas de ação, e uma pincelada na vida dos casais dos livros anteriores e o desfecho de secundários como as solteiras Irene (irmã de Roselyn).

É um livro gostoso de ler, mas eu esperava mais da espirituosidade de Christian. Entendo que a autora abriu sua vida, desnudando seus medos e anseios, mas não me impressionou tanto. Pelo contrário, nas últimas páginas ela deu uma acelerada na história passando por cima de detalhes importantes, como o duelo que se quer criou uma tensão.

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