Estamos chegando a mais um final de ano e, consequentemente, a mais um final de Campeonato Brasileiro. Já sabemos que o Corinthians é o campeão da série A, as vagas para a Copa Libertadores de 2018 e quais são os times que vão disputar a segunda divisão já estão quase definidos e que o América é o campeão da série B. E é lá, na série B, que vamos focar. Que competição a de 2017!
Primeiro, por ter o Internacional, um dos gigantes do futebol brasileiro, que experimentou pela primeira vez a segunda divisão da principal competição nacional. E ainda, lá em 2016, confirmado o rebaixamento do Inter, nós já dizíamos: Vai subir com o pé nas costas. Vai ser moleza! E não foi…
Em um ano cheio de turbulências, o Internacional passou aperto. Com uma diretoria instável e um time sem foco, assim como foi em 2016, ano do rebaixamento, o Colorado sofreu por escolhas erradas, decisões precipitadas, várias trocas de treinadores e claro: uma campanha ruim. Após 16 rodadas, o Inter já fazia a segunda pior campanha de times grandes na série B. O time tinha 24 pontos, perdia apenas para a campanha do Atlético-MG em 2006. Mas diferente do Atlético que voltou à elite do futebol brasileiro como campeão, o Inter amargou o vice-campeonato. Natural para um time que, mesmo na série B, não aceitou sua condição e fez pouco caso da competição. E é aí que mora o encanto do futebol. Com menos (muito menos) dinheiro, o América se programou para a série B, ainda em 2016, quando disputava a série A.
O Coelho renovou com o técnico Enderson Moreira, apostou no “jovem” treinador e literalmente assinou embaixo em suas decisões de montagem do time. Atletas que até então eram considerados certos na equipe foram dispensados e outros convocados para dura missão: conquistar uma das três vagas para a elite do futebol. Sim, não vamos mentir. Todos achavam que o Coelho iria para a disputa do vice-campeonato a quarta colocação. Estávamos errados. Um salve aqui para os deuses do Futebol!
Entre as ironias do destino, o América buscou dois jogadores que merecem destaque: Messias, zagueiro que foi dispensado pelo Cruzeiro, e Rafael Lima, zagueiro que foi cortado do voo trágico da Chapecoense para Medelín, na Colômbia. Por que destacar os dois zagueiros? Simples: eles são o exemplo vivo de como a história sempre pode recomeçar e como só depende de você para que as coisas aconteçam. Ambos receberam uma segunda chance no América. As histórias eram diferentes, mas os dois superaram grandes obstáculos até a conquista. Messias salvou o América ao tirar uma bola em cima da linha. O gol tiraria o título do Coelho. Rafael Lima, que não conhecia ninguém quando chegou ao clube, em janeiro, tornou-se o capitão. Foi líder dentro e fora de campo e foi dele o gol que deu o título de bicampeão ao Coelho.
O que muitos não acreditavam aconteceu. Golias venceu o Gigante mais uma vez. O nosso Golias teve a defesa menos vazada da competição, desde o início da disputa por pontos corridos na série B. Foram apenas 26 gols sofridos em 38 rodadas. Número que supera os 28 gols sofridos pelo outro gigante, o Palmeiras em 2013.
Diferente do Internacional, o América encarou a série B com vontade. Fez o que o futebol pede. Teve raça, apresentou planejamento, trabalho e muita coragem e superação. O Coelho renasce das cinzas e chega à elite com moral. Ganhou a série B, classificando primeiro que o todo poderoso Colorado e colocando um novo recorde de público na Arena Independência. Foram 22. 481 torcedores ante 22.411 que assistiram a final do Campeonato Mineiro de 2015 entre Atlético e Cruzeiro. Claro que o público presente no jogo entre América e CRB contou com muitos cruzeirenses e atleticanos. A gente sabe! Mas o interessante disso é perceber que a magia do futebol acontece assim mesmo. Surpreende e contagia. O América é querido pelos mineiros, mesmo por aqueles que não admitem.
Fato é que: 20 anos após o primeiro título, o América volta à elite do futebol brasileiro mais uma vez com a taça e com um novo espírito. Como um clube mais maduro, sabendo dos novos desafios e preparado para enfrentá-los. Em 2012, ano de seu centenário, o América lançou um filme comemorativo, idealizado pela agência Filadélfia. 5 anos depois, o filme ainda traduz o Coelho e o seu torcedor, falando da paixão que o futebol provoca, de como essa paixão contagia. De como ela mantém viva o Alviverde mais querido de Minas Gerais.
Bem-vindo de volta, América!