Wish You Were Here – Um romance musical | Luly Lage
Não se engane! Apesar do título em inglês, Wish You Were Here é um romance totalmente nacional, com direito a muitos “uais” durante a trama. O livro, que tem BH como pano de fundo, fala sobre amizade, amor, recomeço e superação.
Wish You Were Here é o primeiro livro da escritora mineira Luly Lage, e já vem com uma expectativa muito grande. É que Luly é blogueira acostumada a fazer críticas não apenas literárias, como musicais e de cinema. Assim, a certeza de que algo diferente virá aumenta mais ainda a expectativa. E fico feliz em dizer que ela não decepciona. Luly é dona do blog Sweetluly, conheça!
Do título ao design da capa, o romance Wish You Were Here promete várias respostas ao leitor, aguçando a curiosidade, que move a leitura do início ao fim.
Marie é a protagonista do romance musical e, ao contrário do que imaginei, ela não toca instrumentos e nem faz parte de nenhuma banda. É uma menina normal, comum ao nosso dia a dia, que vive a ansiedade e a expectativa de entrar para a UFMG no curso de jornalismo. Os primeiros capítulos da trama são dedicados a ela e sua melhor amiga de sempre, Lisa, que também sairá de Ouro Preto para viver na capital.
“Lisa e Marie, como arroz e feijão ou goiabada com queijo. Como sempre foi e sempre vai ser.” (pág.10).
Elas são diferentes, mas, como amigas, tem uma química perfeita. Marie é sensata e doce, e gostei muito da construção da personalidade dela. É uma menina centrada, nada deslumbrada e que só quer viver seu sonho. Já Lisa é extravagante, extrovertida e a primeira a notar a presença dos amigos bonitinhos do segundo andar, Victor e David. A cena, sacolas derrubadas na escada, é clichezinho que marca o encontro deles.
Lisa e Victor formam aquele casal que se ama à primeira vista, combinando em tudo. Já David e Marie, tem aquele amorzinho gostoso que vai se construindo aos poucos. Tudo feito na medida certa, sem empecilhos ou enrolação ao leitor.
Os dois se amam e combinam perfeitamente, e é aqui que entra a relação com o título. O romance deles é embalado pelo bom e velho rock e cada dica que autora deixa, cada trecho que marca um momento da trama é gostoso demais de apreciar. É um livro literalmente musical! Que embala a leitura tornando-a mais prazerosa sem dúvida. Além disso, o romance é um tributo ao Rock e seus grandes representantes.
Assim, no ritmo da música e da leitura, vamos conhecendo um pouco mais do casal. Os primeiros dias de Marie na universidade. Eles são fofinhos demais. E vivem seu romance com ternura e verdade. O que dá essa sensação de realidade é que o casal circula pelos mesmos espaços que nós, tomam café, vão ao zoológico, tem dúvidas sobre como se vestir para ir ao Palácio das Artes, bem gente como a gente.
“_OK… Eu nunca fui assistir uma orquestra antes, tem algum código do que vestir para essas ocasiões?” (pág.141)
Em uma das cenas do Café:
“_Venho, desde sempre. Sou um cliente tão bom que eles me deixam usar a WiFi. _Ele apontou para o computador.” (pág.39)
Para além do amor, dois temas se destacam na história: a mania de organização de David, o TOC, a autora fala sobre como é o dia a dia de alguém que sofre com esse transtorno; e o Gliobastoma Multiforme, tumor que acomete o cérebro.
O que começa musicalmente agradável, termina também musicalmente, porém triste. Eu chorei! O motivo desse choro é spoiler, e me fez lembrar várias outras histórias de amor interrompidas pelo câncer, achei um pouco spoiler, alguém morre? porém, o que fica delas é a sempre a luta e superação. Aqui não foi diferente. Saímos da leitura com a sensação de que vamos encontrar algum dos personagens no ônibus rumo a UFMG ou dentro de algum café da capital.
Sobre a escrita:
Luly tem uma escrita simples e cativante. Não enrolou em nenhum dos fatos, embora eu quisesse ver mais do casal. Não deixou nenhum ponta solta e ainda deu margem para continuação que seria muito bem-vinda.
Adorei as dicas de música no início de cada cena, e achei um luxo e respeito imenso com o leitor quando ela ensina a pronúncia correta dos nomes dos personagens.
Uma dica para as próximas edições é passar por uma nova revisão para corrigir alguns errinhos de digitação, que não comprometem a leitura, mas impactam na literatura.
Agradar ao público leitor não é fácil, os clássicos da literatura nacional estão aí para provar que não são unanimidades. Contudo, tenho muita alegria em apresentar a nova geração de autores que inovam em suas obras, trazendo dramas reais e problemas comuns a nós, meros mortais, diversificando e assim dando nova vida a literatura brasileira. Luly é mais uma promissora autora para se ler em 2020 e apreciar sua criatividade.
Vale lembrar que é um livro fruto de um financiamento coletivo e, graças a ele, chegou a um público seleto. Contudo, merece mais. As editoras precisam abrir a mente e se atentar para os novos escritores nacionais, que têm buscado nichos cada vez mais próximos do leitor, e com sucesso!
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1 comentário
Demorei, mas cheguei!
É até difícil expressar em palavras a alegria que eu sinto em ver meu livro aqui no Literalmente, Uai mais um vez… Preciso agradecer mil vezes a vocês pela divulgação lá no início, quando ele ainda era um e-book em pré-venda e projeto de impressão em processo de financiamento coletivo, e agora cá está, pronto, lido, reescrito. Obrigada em especial à Elis, que abriu essas portas e participou de todas as formas pra fazer acontecer. É um HONRA ter meu nome nessa resenha, de verdade mesmo, e ela me deixa feliz em cada centímetro, sem excessão!
Obrigada!