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[Resenha] Menina boa Menina Má – Ali Land

por Josi Gonçalves
5 minutos de leitura

                      Menina boa Menina Má – Ali Land

Quem já está acostumando a ler minhas resenhas aqui no LiteralmenteUai, já sabe que meu negócio mesmo é o suspense, os thrillers,  e claro, o terror.  E hoje, pra não fugir da regra eu estou chegando com a resenha de um livro que, se você gosta de um suspense como eu, você vai correndo comprar. Hoje nosso papo é sobre ‘Menina Boa Menina Má’, da Ali Land. E cá entre nós meu amigo, só esse título já é motivo suficiente pra gente ficar interessado. Mas vem comigo que eu vou te dar outros motivos pra você catar esse livrão e não soltar mais.

A história começa quando Milly, uma garota de apenas 15 anos decide ir até a polícia para denunciar a própria mãe. Aí você me pergunta: ‘mas Josi, o que essa mãe fez de tão ruim?’ E eu te conto: a mãe, meus amigos é uma serial killer de crianças.  A Milly cresceu vendo a mãe torturar e matar criancinhas dentro de sua própria casa e enterrar os corpos no porão. Contudo chega um momento em que ela  não suporta mais aquela situação e decide que precisa ter coragem para dar um fim naquela vida. Então nossa protagonista agora está em um lar temporário, à espera do julgamento da mãe, no qual ela irá testemunhar, e só depois disso é que vão decidir o que será feito da garota.

Como se não bastassem todos os crimes, Milly viveu a vida toda sob o abuso físico, sexual e psicológico da mãe. Ela foi abusada de todas as formas possíveis e se desvencilhar desse trauma  é algo que, definitivamente, não será fácil. 

Quem acolhe Milly é uma família formada pelo pai Mike, um psicólogo que vai preparar a garota para o tribunal e tentar ajuda-la com todos seus pesadelos e traumas,  e a mãe Saskia, que está sempre meio aérea e distante. E esse casal tem uma filha da idade dela, a Phobe. Com muito receio e medo, ela entra nessa família e aos poucos começa a perceber que mesmo os pais sendo muitos carinhosos e gentis, existe algo de disfuncional naquele lar. Milly precisa agora enfrentar o pavor de encarar um tribunal lotado, encarar a rotina de uma adolescente ‘estranha’ em um colégio novo e encarar todos os medos, dramas e problemas normais da adolescência. Mas existe um porém em tudo isso: ela não é ‘normal’. Ela é uma garota que não sabe ainda o que ela é!

O livro é narrado em primeira pessoa, por meio do fluxo de pensamento da protagonista, por isso é muito insano a gente poder acompanhar tudo aquilo que se passa na cabeça dela sobre tudo e todos. Milly é uma adolescente muito inteligente, astuta e, principalmente, observadora. Além disso, é sagaz e muito esperta captando sempre aquilo que não está claro. Mas você vai perceber também que ela não é de todo boazinha. 

Um fato que chama a atenção no livro  é que Milly vai narrando os fatos como se tivesse contando para a mãe o que está acontecendo em sua vida depois de sua prisão. É como se o livro fosse uma grande carta para sua mãe. E é nesse direcionamento que vamos percebendo como a mãe, mesmo longe, ainda a influencia. É como se aquela mãe fosse um fantasma super vívido que fica ali ao lado dela, julgando suas ações, rindo de suas atitudes, incitando e sussurrando para ela que não importa o que Milly faça, ela nunca vai se desprender totalmente.  

Falando um pouco sobre os personagens, a Milly é uma garota que muitas vezes me deu muitaaa raiva. Ela tem a estranha mania de descontar suas frustrações e raivas em cima das pessoas que a tratam melhor, que são mais doces e cuidadosas com ela. Em contra partida, por vezes ela  parece um bichinho acuado quando alguém lhe faz mal. E por falar em fazer mal, Phobe, a ‘irmã’, é o próprio capiroto encarnado na terra. Sabe aquele estereótipo das meninas más dos filmes colegiais?  É assim que essa praga é! Phobe vai atormentar a vida da Milly desde que ela coloca os pés na casa, e já aviso, você vai querer entrar no livro e voar nela.  Mas mesmo a personagem sendo odiosa, reconheço que isso evidencia a quão bem escrita ela foi.

O ritmo de leitura é muito bom, tendo em vista que o tempo todo estamos sendo expostos às situações da vida da protagonista. Isso faz com que a narrativa não fique chata ou entediante. Ali Land conduz bem o leitor pelos caminhos que ela quer mostrar, escondendo um segredo aqui e outro ali, para despertar a curiosidade.

Esse livro é um suspense psicológico que nos questiona o tempo, quase que a cada página, sobre o que pode se tornar uma pessoa exposta a tão grande trauma. Será que é possível se manter bom e ignorar toda trajetória já vivida? Será que o caminho é mesmo tender para o mal completamente, tendo em vista que foi em torno dele que sua vida foi moldada? Ou será que é possível ser um pouco dos dois sempre que cada um for mais conveniente? É isso que você vai descobrir ao final de ‘Menina Boa Menina Má’.

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