Já imaginou morar sozinho, mas começar a se deparar com coisas estranhas dentro da sua casa? Um dia uma escova de dentes que não te pertence, noutro dia um par de chinelos. Acordar no meio da madrugada com o barulho do micro-ondas e perceber que não tem ninguém na sua cozinha, aliás, não tem mais ninguém dentro da sua casa, que está com as portas muito bem trancadas. Perturbador, não é? Pois essa é a premissa super instigante do livro “Colega de Quarto”, do escritor Victor Bonini. Um romance policial interessantíssimo que, por incrível que parece, não contém nenhum elemento sobrenatural. Pasmem!
Desde a primeira vez que vi um vídeo citando Colega de Quarto e esse enredo, já fiquei inquieta de ansiedade para ler essa história. Me chamou tanta atenção essa ideia tão interessante, que tinha que ler o livro logo.
A narrativa se inicia quando Eric Schatz, um estudante de direito de classe média alta, procura o detetive Conrado Bardeli, pedindo ajuda sob a queixa de existir um ‘colega de quarto’, em seu apartamento. Muito atormentado e nervoso, Eric não fala coisa com coisa, o que faz com que Conrado não dê muita importância para sua queixa e o rapaz sai porta afora irritado. O estopim para o enredo se dá, porém, no dia seguinte, quando Conrado é procurado por um delegado que lhe conta que Eric se matou na madrugada, saltando do décimo quinto andar de seu luxuoso apartamento.
Agora sim, tomado pela curiosidade e por uma boa dose de remorso por não ter dado ouvidos às queixas do rapaz, o detetive se embrenha em uma empreitada frenética para, junto com a polícia, descobrir o que de fato aconteceu com o jovem. Será que foi mesmo suicídio?
À medida que Conrado vai embarcando na história do garoto, fatos e mais fatos começam a vir à tona e aos poucos vão se ligando em uma teia de acontecimentos. Conhecemos a mãe de Eric, distinta dama, dona de uma gigante empresa, que começa a demonstrar ser uma mulher muito fria e que também pode esconder terríveis segredos. Zeca e Dênis, amigos de Eric, também são cheios de segredos, que lentamente vão sendo desvendados. Aos poucos, com muita determinação e alguns métodos pouco ortodoxos, Conrado vai desencavando motivos, mentiras e suspeitos que nem passam pela sua cabeça.
A escrita de Bonini é muito fluida e faz com que Colega de Quarto ande rapidamente. A divisão em capítulos pequenos, todos com títulos, também ajuda muito que o leitor se situe na história. Além disso, a narrativa também é divida em três grandes partes: Loucura, Turvo e Lucidez, e ao passo que avançamos na leitura, vamos percebendo o porquê desses nomes. Um livro bem arquitetado, instigante e que te prende na leitura, ansiando pela resolução do grande mistério.
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