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[Resenha] Quando os Bandidos Ouvem Villa-Lobos – Leida Reis

por Elis Rouse
3 minutos de leitura

Quando os Bandidos Ouvem Villa-Lobos  – Leida Reis

Uma das principais marcas da escrita da Leida Reis é a inteligência que ela imprime ao construir as histórias. As referências que ela usa, a sensibilidade na descrição dos personagens e os cenários é algo único, como já alertamos na resenha da obra O Livro de Cada Um.

Este é um romance policial que nada tem de previsível. A história se passa no Rio de Janeiro em meados de 1959, e seus personagens em sua grande maioria, são mineiros que partiram para a Cidade Maravilhosa em busca de uma vida melhor.

A trama de Quando os Bandidos Ouvem Villa-Lobos

O foco da história é na jovem Muriel, uma enfermeira que dedica sua vida aos pacientes do Hospital dos Estrangeiros, em especial ao maestro, com a saúde bem agravada que torna seu amigo. A amizade entre Muriel e o Maestro é singela. E a empatia com o leitor é imediata, apesar de não rolar um romance entre eles. Tudo gira em torno da admiração mútua que é bem legal de ler. Muriel tem um namorado (embuste), que paga de poeta, mas na verdade é um plagiador de um poeta famoso, que ele tem planos de eliminar.

Enquanto conhecemos um pouco da Muriel, seus anseios e frustrações de uma mulher que chegou aos 30, sem ter cumprido as “obrigações sociais” de casar, ter filhos, outras histórias são apresentadas. Os vários personagens (e são muitos) entram e saem da história a cada novo capítulo ou no meio de algum cuja história esteja incompleta. O desenrolar das histórias não seguem uma ordem cronológica. Esses personagens transitam pelo seu mundo, e se entrelaçam em torno do compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos, internado no mesmo hospital que Muriel trabalha.

É um romance policial repleto de referências históricas, personagens que marcaram as artes mundiais. Ao final de cada capítulo Leida nos brinca com algumas pílulas sobre a história da música. É muito conhecimento ofertado gratuitamente em poucas linhas, veja algumas.

Um dos registros mais longínquos da pré-história musical vem da Índia. Na ilha de Ceilão, o instrumento chamado ravanastron é construído pelo rei Ravana entre 5000 e 7000 antes de Cristo. É composto de duas cordas e tocado com arcos recurso. (pág.13)

Por volta de 2500 antes de Cristo, o sábio chinês Ling Lun ordena os cinco tons da música oriental com nomes conforme a hierarquia: do camponês ao imperador. (pág.33)

Em 1681, a participação da mulher numa ópera é permitida pela primeira vez. Antes, o papel feminino é desempenhado por um homem. (pág.140)

A leitura de “Quando os bandidos ouvem Villa-Lobos” não é fácil. Exige atenção e dedicação do leitor que precisará exercer a sua perspicácia para acompanhar o ritmo da escrita e a sagacidade da escritora. Isso é muito bom!

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