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Pollyanna – Eleanor H. Porter

por Elis Rouse
6 minutos de leitura

Pollyanna – Eleanor H. Porter

Fazer a “Pollyanna” é quase um bordão para designar as pessoas inocentes e/ou sonhadoras. Cresci ouvindo expressões envolvendo o nome sem, de fato, saber sua origem. “Não seja Pollyanna” ou ainda “Deixe de ser Pollyanna”. Até que descobri sobre o livro clássico, que pela fama das expressões, parece que todo mundo leu e absorveu a ideia da história.

Publicado pela primeira vez em 1913, o livro da americana Eleanor H. Porter é considerado um clássico da literatura infanto-juvenil, sendo sucesso de vendas desde a publicação até os dias de hoje.

O livro ganhou sua primeira adaptação para o cinema sete anos depois, em 1920 e outra em 1960, consolidando o sucesso da trama de Porter.

Há registros de adaptações para o teatro e musicais. Recentemente, o clássico infantil ganhou mais uma adaptação: a novela do SBT “As aventuras de Poliana”, escrita por Íris Abravanel (a primeira dama do SBT) e recheada de  nomes de peso, como Dalton Vigh, Miryam Rios e Larissa Manoela.

Voltando para o clássico…

Pollyanna é uma órfã de 11 anos bem à frente do seu tempo. A menina é curiosa, impertinente para um lado bom e gentil, mas apesar de todos os imbróglios da sua vida miserável, ela é extremamente grata. O que garante isso é o jogo do “contente”, ensinado pelo seu falecido pai, para que a menina jogasse sempre visando o lado bom de qualquer coisa.

Por onde passa, Pollyanna ensina seu jogo às pessoas e sempre deixa marcas positivas nelas. A exceção é a sua tia Paulina (Polly), uma senhora amarga, rica, solitária, odiada pelos empregados e pela vizinhança, que vai acolher a sobrinha após a morte do pai. Um ambiente perfeito para Pollyanna desenvolver toda a sua gentileza e transformar as pessoas que a rodeiam. É claro, que ela consegue. Inclusive, mudar o sermão de um padre.

No meio do caminho Pollyanna está uma tragédia,  capaz de por a prova toda essa sua gentileza. Mas será que ela sucumbirá? Só lendo meus amigos. 

Pollyanna  é um livro pequeno, com uma linguagem simples e muito bem escrito. Eleanor Porter incutiu várias críticas à sociedade da época em meio inocência da história, como a fachada da elite em buscar publicidade na realização das suas caridades, o acolhimento aos órfãos cada vez mais invisíveis e a importância de ajudar o próximo sem querer nada em troca. Porter descreveu as transformações de uma sociedade cada vez mais egoísta e solitária, alguma semelhança com 2018? 

Os valores propagados na história são pertinentes aos leitores de 100 anos atrás e também para os de agora. Pregar tolerância, respeito e paciência vai bem em qualquer parte do globo, em qualquer época.

Apesar de a inocência e a persistência da menina terem me irritado um pouco. É mais um daqueles casos em que a literatura nos ajuda a compreender o mundo e o que está a nossa volta.

Há muito tempo a sociedade perdeu essa inocência e deixou de ser inofensiva. Evoluímos para uma sociedade mais competitiva e cruel, onde as poucas possibilidades que temos de encontrar “Pollyannas” de fato está na literatura. Daí uma das principais funções da literatura, ativar a empatia que anda escondida em nosso meio. 

O Filme

Produzido no padrão de qualidade dos estúdios Disney, a adaptação lançada em 1960, surpreendeu por apresentar fatos diferentes para a história: uma qualidade de imagens surpreendente para a época, trilha sonora que se ajusta perfeitamente às cenas e atuações convincentes, sobretudo dos atores infantis que interpretaram Pollyana e Jimmy Bean. A propósito, a atriz Hayley Catherine Rose Vivian Mills foi agraciada com um Oscar em uma categoria juvenil criada especialmente para ela.

Hailey Mills (Pollyanna)

A ordem dos fatos mantidos do livro é bem diferente na adaptação. Algumas cenas foram mais exploradas e outros acontecimentos inseridos na trama, criando uma atmosfera poética em torno da história ao explorar cenário bucólicos e focar nas mensagens de paz e amor que é a essência da trama.

Jane Wyman (Tia Poli)

O filme ganhou outros personagens com participação de destaque, como os funcionários da mansão que implicam com a menina e um opositor à Tia Paulina, que contesta todas as ações dela na cidade. No filme, uma das personagens mais queridas do livro — a Nancy não tem aquela empatia inicial com a Pollyanna. A doçura da personagem ficou na obra literária e, na adaptação, Nancy chega a ser até mesmo ríspida com ela.

Pollyanna é gentil, inocente, não mente nunca e está sempre contente. A sua impertinência transforma as pessoas e dá esperança de uma vida e mundo melhor. Vale até a pena sonhar com um mundo assim, né não?!

A adaptação trouxe para as telas a doçura da história e isso garantiu a fidelidade ao livro. É um caso em que livro e filme são bons a sua maneira, e nenhuma obra se sobressai a outra. Se fosse uma disputa eu diria que houve aqui um empate. 

Livros ou suas adaptações? É sempre polêmico, né? Veja outros comparativos aqui

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1 comentário

Cláudio Henrique 17 de novembro de 2018 - 20:49

Belo e “pertinente” resgate moçada! Parabéns! 👏👏👏

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