Peça o que quiser da escritora Megan Maxwell é uma das séries mais icônicas da literatura erótica
O sugestivo título “Peça me o que quiser” já antecipa o que essa série tem de diferente das demais. Muito sexo, a três, a quatro ou mais. Muitos jogos e brinquedos eróticos. O aviso de recomendação para maiores de 18 anos é um dos destaques da capa.
Eric Zimmerman e Judith Flores são os protagonistas desta história de amor (que vai se construindo aos poucos), daquelas que vão te estressar pela falta de diálogo e resolução de problemas simples e da entrega parcial de um dos envolvidos.
Gostei de cara da Judith, mas, mesmo se mostrando bem inteligente e independente, se impõe apenas em pensamentos e, todas as ações que poderia por fim aos desmandos do bonitão, vão por água abaixo porque ela não consegue resistir ao charme do moço, mesmo ele sendo estúpido, autoritário, seco, ciumento, e desconfiar da lealdade dela. Apesar de que ela sempre está lá pra ele.
“O que está acontecendo comigo? Quero me conter, mas não posso. Nunca fui brinquedinho de nenhum homem, mas ele consegue me controlar. Eu o desejo com a mesma intensidade com que preciso do ar que respiro e isso me assusta.” (pág 95/96)
De cara a gente já vê que o Eric está caidinho pela funcionária, mas até o cabeça dura perceber isso, lá se vão pelo menos dois livros.
Peça me o que o quiser: É o início da jornada dos dois. Eles se conhecem na empresa multinacional em que Eric é o dono e Judith é apenas a assistente da chefe do setor. A química entre os dois é imediata e aquele clichê da tensão sexual palpável é bem construída pela autora, e sim! de fato, ela está presente. Assim como as várias cenas de sexo, descritivas ao máximo possível e muito quentes.
“Tira dois lenços de seda pretos, uma câmera de vídeo e algumas luvas. Isso me surpreende e me assusta ao mesmo tempo. Mas, incapaz de me mover, permaneço parada à espera de que se aproxime.” (pág.68)
Inclusive, a primeira cena do livro é a Judith de voyeur, no flagra em que confirma a suspeita de que sua chefe está transando com um colega de empresa.
Judith é uma espanhola alegre e divertida, gosta de futebol e motocross. Eric é um alemão frio (chato) e de personalidade forte. Porém, esconde um lado pervertido, que ninguém poderia imaginá-lo nesse contexto. Eric faz parte de uma “rede” de pessoas que curtem o sexo livre, troca de casais, orgias, entre outras surpresas que a leitura nos reserva. É claro que é tudo muito fora da nossa (pelo menos da minha) realidade. O desprendimento afetivo, que nós brasileiros cultivamos, choca um pouco. Do nada ele a oferece a outros caras, e tudo certo. Depois de sair do quarto vida que segue.
Curiosa e sempre excitada, Judith começa a descobrir esses jogos, impõe seus limites, mas aos poucos começa a gostar das experiências. Uma parceira perfeita para Eric.
Tudo muito bom, tudo perfeito, apesar das oscilações de humor e falta de controle de Eric, que chega em alguns pontos a humilhar Judith. Ao mesmo tempo em que está tudo bem, ele fecha a cara e a trata mal. Depois envia flores e pede desculpas. Aos trancos e barrancos vão construindo essa relação.
Mesmo com esse clima intenso e incerto, ele conhece a família de Judith (a irmã Raquel e a sobrinha Luz), o ex-namorado Fernando, que tenta alertá-lo de que Eric é supostamente perigoso. O pai de Judith, Miguel, que se torna fã de carteirinha do alemão. Eric se divide entre Alemanha e Espanha e aos poucos vamos descobrindo o porquê disso. Judith conhece a família de Eric, mas acaba caindo em uma armadilha da ex-namorada dele (sempre tem né…) que não se conforma em perder o bonitão, assim como outras que já perceberam o encantamento dele pela espanhola.
Peça-me o que quiser agora e sempre: Fica bem claro após a leitura do primeiro livro que Eric está super apaixonado pela Judith, mas ele não sabe lidar com nada do que diz respeito a ela. Não aceita a perda, a quer de qualquer jeito e, por isso, se mostra ansioso e muito babaca (burro).
Após a separação que marcou o final do livro um, eles se reencontram, se amam e quando tudo parece estar bem uma emergência leva o casal a Alemanha. Lá, tanto os funcionários da casa de Eric, quanto a própria família ficam surpresos com a chegada de Judith. E ela vai transformar a rotina dos alemães, em especial, o sobrinho de Eric (tão chato quanto o tio) Flyn.
Flyn é um personagem à parte nesta história. O menino é órfão da irmã mais nova de Eric, mimado, chato, inconveniente, é uma cópia do tio, que superprotege e mima demais o menino. Não há ação que se tente para quebrar as defesas dele em relação às mulheres. Desde a avó, a tia, ele odeia todas e com Judith não vai ser diferente.
Nesse ponto, a história que era do casal, se torna uma história familiar, com dramas e dilemas familiares, e segredos também, o que a gente sabe que lá na frente terá consequências. Judith segue desbravando o mundo de prazer de Eric e seus amigos, suas descobertas e experiências são por vezes chocantes (rs).
O amor deles se fortalece, a confiança aumenta, mas… como já era de esperar, segredos vêm à tona e tudo volta à estaca zero. Eric como sempre não sabe conversar, não escuta Judith, é grosso e esnoba ela.
“Seu desprezo me magoa, mas decido falar com ele mesmo assim. _Eric, sinto muito, querido. Por favor, me perdoa. Sei que está acordado. E, sem se mexer, ele responde: _Está perdoada. Agora dorme. É tarde. Com o coração em frangalhos, me encolho na cama e tento dormir sem encostar nele. Minha cabeça fica remoendo tudo… (pág.289)
Eu terminei esse livro com uma antipatia dos dois. Problemas que uma mensagem de WhatSapp resolveria, se transforma num mundo de mágoa e humilhação. E sempre Judith é quem sai arrasada. Então o título do próximo livro faz todo sentido, porque até a gente já tá de saco cheio desse chove não molha.
Peça-me o que quiser ou deixe-me:
“…Eric mudou por minha causa. Eu o amo, mas tenho medo. Tenho medo de não parar de sofrer.” (pág.10)
Essa referência na página 10 já resume um pouco do sentimento que é de todos. Eles se amam, mas se magoam, e chegou num ponto que não tá legal pra nenhum dos dois. Eles estão sofrendo e alguém tem que dar o braço a torcer.
E esse alguém é Eric, que enfim, percebe que ama a espanhola e não consegue viver sem ela. Aleluia!! Para isso ele monta uma verdadeira mobilização para já nos primeiros capítulos convencer Judith definitivamente a se casar com ele e cessar todas as brigas, aparar todas as arestas.
“Agora sou uma mulher que aproveita o sexo. Que fala de sexo. Que brinca com o sexo e que já não o vê como tabu.” (pág.50)
O casal é fofo, chegando ao ponto de comemorar o mesversário de casamento, com apelidos bregas, como “meu louco amor” e “meu ciumentinho”. As famílias se dão bem, tudo está bom demais pra ser verdade.
“Desde que nos casamos, não discutimos nem uma só vez, e isso me espanta.” (pág.91)
Mas… uma nova personagem surge na trama e mais uma vez a confiança na Judith é posta a prova pelo babaca do Eric. Um turbilhão de emoções, em meio a descoberta da gravidez de Judith, que, aliás, é um inferno até para nós leitores. Se a intenção da autora era não romantizar a gravidez ela acertou em cheio. Judith fica insuportável em vários sentidos e a história acompanha essa vibe.
“Porque estou virando uma pessoa chorona, horrível, resmungona e você não gosta mais de mim. Não me procura mais. Não quer brincar comigo, não aperta contra a parede pra me comerrrrrrrrr.” (pág.302)
Ciúme, hormônios a flor da pele, dominação, submissão, sexo ou ausência dele permeiam toda a história.
“_Tudo mulher é linda. Meu marido concorda: _Os seios dela te enlouqueceriam.” (pág.138)
Quero registrar algumas falas preconceituosas como quando Judith faz uma piadinha sobre “loira burra” ou quando a mãe de Eric exige que lhe arrumem cara “mulato” e ainda quando impõe que sua mulher não trabalhe porque precisa dela sempre disponível.
“Não quero que minha mulher esteja presa a horários diferentes dos meus e que não tenha sua companhia porque tem obrigações a cumprir. Portanto, assunto resolvido.” (pág.159)
Por fim, a história se encerra com um destino satisfatório para todos os personagens.
Peça-me o que quiser é uma série para quebrar tabus, sexo rola solto, choca em vários momentos, mas sobressai mesmo o romance “quando o fogo venceu o gelo”, assim que sintetizo esse casal.
A escrita da autora é muito simples, os acontecimentos se desenvolvem rapidamente e as descrições das cenas, se intensificam apenas nas de sexo, afinal, é um livro dedicado ao prazer.
Peça-me o que quiser e eu te darei: É o quarto livro da série, desses escritos para encher linguiça e pegar carona numa história que já teve seu desfecho satisfatório.
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