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Leandro Bertoldo: Sustentabilidade e Literatura no Vale do Jequitinhonha

por Elis Rouse
5 minutos de leitura

Leandro Bertoldo: Sustentabilidade e Literatura no Vale do Jequitinhonha

Sustentabilidade e incentivo a literatura fazem parte dos projetos literários do escritor Leandro Bertoldo no Vale do Jequitinhonha

Há sete anos, o escritor Leandro Bertoldo deixou a capital mineira para viver na pequena cidade de Padre Paraíso, no Vale do Jequitinhonha. A região conhecida pela riqueza no artesanato e a carência de uma população que sofre com a seca e o descaso das autoridades, ganhou muito mais que apenas mais um habitante, ganhou também um incentivador de uma arte que assim como o teatro e o cinema são praticamente ausentes na região, a literatura.

Bertoldo é membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni e já tem três livros publicados: “Entrelinhas Contos mínimos”, “Janelas da Alma: uma tempestade íntima, um conflito, um retorno” e o “Relicário Pessoal – Haicais”. Amante da literatura, Bertoldo recusou diversas propostas de grandes editoras e no “faça você mesmo”, criou seu próprio método de publicação, por meio do projeto “Alforria Literária” uma alternativa diferente, barata e sustentável de publicação.

A arte de imprimir livros

As publicações da Alforria Literária são feitas em uma máquina especial, própria para fazer livros, chamada “Paula Brito”, uma homenagem a Francisco de Paula Brito, fundador da “Marmota Fluminense” uma livraria no Rio de Janeiro, no século XlX, onde Machado de Assis teria iniciado sua carreira literária. De madeira de Ipê reaproveitada, a máquina de fazer livros, ganhou vida nas mãos de Egídio Souza, um luthier da cidade.

Os livros produzidos na “Paula Brito” são feitos em papel offset nos tamanhos 14,8 x 21 cm – 90g. As páginas são impressas no processo normal, via computador. O primeiro toque especial vem nas capas confeccionadas manualmente com papel personalizado com fibras de material orgânico e tinta natural. A finalização das capas fica por conta da esposa de Bertoldo, a artesã Geane Matos.  A partir daqui, a máquina entra em ação para finalizar o livro, unindo o miolo a capa. “Utilizando essa matéria-prima, a Alforria Literária afirma seu compromisso junto ao meio ambiente, lembrando que a reciclagem e a sustentabilidade contribuem para a geração de empregos, a redução do lixo e a qualidade de vida desta e das futuras gerações”, como afirma Bertoldo.

Veja o funcionamento da Paula Brito:

https://youtu.be/HNc_YzZGI5I

A inquietação literária de Bertoldo, vai muito além da autopublicação sustentável, o que por si só já é de grande contribuição para a literatura e o meio ambiente. Ele ainda se dedica a promoção da literatura na cidade, focando o seu trabalha no incentivo à leitura e a escrita de jovens, em uma região onde as livrarias são raras, portanto, não há onde comprar livros, para isso é preciso viajar até 100 km para visitar uma livraria.  

Leandro Bertoldo criou, o projeto “Árvore das Letras” um espaço que oferece a oportunidade de trabalhar a leitura, a escrita, e também a língua portuguesa, utilizando entre outros recursos, as técnicas de escrita criativa por meio do curso “Vivenciando a Linguagem, Leitura e Escrita” que já registrou a participação de mais de 90 pessoas de várias idades.

Confira alguns depoimentos:

O curso “Vivenciando a Linguagem” é pago, entretanto o “Árvore das Letras” oferece serviços gratuitos à população, sobretudo aos jovens, como o Grupo de Leitura Dramática que proporciona aos alunos a possibilidade de vivenciar a literatura de maneira pragmática, aprofundar seus conhecimentos por meio dos debates mensais de obras clássicas e contemporâneas da literatura nacional. O grupo também participa de apresentações em instituições.

O “Grupo de Leitura Dramática” faz parte do curso Vivenciando a Linguagem, Leitura e Escrita.

Para aqueles que na correria do dia a dia não conseguem tirar um tempinho para participar presencialmente dos debates literários, foi criado “Amigos Leitores”, um grupo no Whatsapp em parceria com o Blog Mudei de Ideia, da Ana Paula Cândido. Além de discutir e divulgar a literatura diariamente, toda quarta-feira os membros debatem sobre um conto escolhido previamente, e na última sexta-feira de cada mês, o debate é sobre um livro específico, lidos por todos.

A importância do incentivo à leitura vai muito além do desenvolvimento humano. Quando pessoas são modificadas, consequentemente contagiam aquelas que vivem ao setor e, por conseguinte o meio onde vivem. Bertoldo fala sobre a importância deste incentivo para a região. “Sempre digo que não lemos apenas “palavras”, mas os cheiros, as cores, os sabores… Lemos a vida, e quando temos a capacidade de associarmos essas experiências às nossas leituras, não apenas factual, mas literárias e vice-versa, a cidade, assim como todo o entorno só tem a ganhar, pois passa a contar com pessoas muito mais preparadas intelectual e emocionalmente. ”

Confira aqui outras iniciativas de incentivo à leitura em Minas.

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