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Jogando video game, depois dos 30

por Elis Rouse
4 minutos de leitura

Jogando video game, depois dos 30

Dizem que depois dos 18 anos muita coisa muda. Verdade! Muda mesmo, você começa a trabalhar, pagar contas, comprar quantas calcinhas quiser sem ter que explicar para o seu pai que você realmente precisa delas. Uma iniciação prazerosa rumo a independência.

Depois dos 25, a principal mudança é no tempo. Os anos começam a passar mais rápido e do nada você chega aos temidos 30 anos, que são tão mal falados que muita gente tem mais preocupação em chegar neles do que passar deles. Algumas coisas mudam, outras são apenas crendices. E de repente você se vê testando certas coisas só para provar a idade.

Beber melhora com os 30, hoje consigo tomar 4 taças de vinho antes do sono me aplacar. Você se torna mais fino para comer, escolhe umas coisas estranhas só para provar que tem condição de pagar. Perder sono não é uma boa ideia, o corpo demora mais para recuperar aquilo que segundo dizem, não tem recuperação. E as coisas que fazia na infância? Andar de bicicleta Ok! Correr atrás dos sobrinhos? No máximo 20 minutos e olhe lá. E video game hein?!

Pois bem, apesar da minha mãe com seus 62 anos, ainda jogar seu precioso “Bomberman” me vi tentando fazer o mesmo e o resultado…. Foi bem tenso! Primeiro que a mente não relaxa, fica girando, calculando o tanto de coisa que há para se fazer naquele momento, arrumar o guarda-roupa, lavar as sapatilhas, ler, colocar as séries em dia, paguei a C&A? Prioridades de uma vida de responsabilidades. Obrigo minha mente a relaxar, as obrigações ficam para depois, e a C&A está no débito automático. Continuei jogando. Desperdício de tempo? Talvez. Mas se era um divertimento na infância, por que agora não é mais? Pois bem, agora não dá pra segurar a manete por muito tempo sem que a tendinite reclame o esforço repetitivo. As costas nem falo nada porque qualquer mínima possibilidade de mudança ela vai gritar. E de repente estou presa na segunda fase do jogo, vidas e vidas já se foram, e eu lá perdida e derrotada por aquele cachorrinho maldito que passava fácil na infância. E o que era pra ser diversão se tornou antipatia.

Não consigo avançar nas fases, não consigo superar os obstáculos virtuais. E por mais que tente, pode até dar certo, mas não terei tempo suficiente para provar que consigo. Meu cérebro me convence de que sou boa em vencer os desafios da vida real e que os joguinhos lá da infância me prepararam pra isso. Que agora os “esqueletos voadores” são aquelas pessoas que tentam te jogar para baixo. Que as bombas com olhos e boca são os problemas que explodem na sua mão e que você tem que resolver de qualquer jeito.  Que os “cactos” que geralmente roubam uma de suas vidas no jogo, na vida real representa os relacionamentos que não deram certo, e que a cada nova tentativa um espinho foi cravado no seu coração. Que as florezinhas que soltam fogo são toda a inveja e mágoa em torno de você. E que o pior inimigo, “aquele chefão da última fase” muitas vezes é você mesmo e a mania de autossabotagem.

A coluna Depois dos 30 é publicada aqui toda quinta-feira. As opiniões e fatos não refletem necessariamente a opinião de todas as mulheres que já passaram dos 30, mas sim a vivência das colunistas deste site.
Envie seu e-mail para a colunista: elis@literalmenteuai.com.br

Ainda não fez 30, temos uma sessão especial para você! “Antes dos 30” e “Antes dos 30, com filhos“.

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1 comentário

Rafael 26 de dezembro de 2019 - 02:07

Me parece que com os homens é diferente. Eu ainda jogo videogames depois dos 30 anos, porém, sou muito melhor que antes. Na verdade, eu sempre fui bom, mas agora sou bem melhor. A experiência dá uma força e, sou até mais ágil do que antes.
Eu sou apaixonado por videogames, talvez seja isso, sei lá… Tente de novo, vai que você reencontre o seu “eu” do passado.

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