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Ela disse, Ele disse: Uma adaptação fiel e divertida

por Elis Rouse
8 minutos de leitura

 

Ela disse, Ele disse: Uma adaptação fiel e divertida

Ela disse, Ele disse é o segundo livro da escritora Thalita Rebouças a ganhar uma adaptação.

O filme estreou nos cinemas brasileiros trazendo misto de revelações jovens, estreias e atores consagrados. É uma comédia romântica divertida, bem adolescente mesmo, e muito fiel ao livro.

O livro:

Apesar de já ter passado dos 30, eu aprendi a gostar de livros voltados para os adolescentes, eles são leves, divertidos e fáceis de ler, aquela literatura de entretenimento, que arranca sorrisos, mas que aborda temas fortes apresentando bons ensinamentos.

A Thalita Rebouças está entre as minhas escritoras favoritas, gosto da simplicidade com que ela escreve e, com isso, consegue passar a sua mensagem e conquistar qualquer tipo de público (até mesmo os depois dos 30 rs).

Thalita é jornalista e já vendeu mais de 1 milhão e meio dos seus mais de 20 livros publicados. Destaque para Fala Sério Mãe e Tudo por um Pop Star que também foram adaptados para o cinema.

Ela disse, ele disse conta a história de Rosa e Léo, adolescentes de 14 anos, filhos de pais separados que vivem os anseios de começar em uma nova escola, se adaptar e serem aceitos.

O livro é narrado pelo ponto de vista dos dois protagonistas (ela diz, ele diz), que óbvio têm visões diferentes sobre os dramas vividos em casa e na escola. São situações comuns a todos nós que dão o tom de realidade a história, por isso é fácil se identificar com os personagens. Thalita soube diferenciar muito bem as duas vozes com diálogos divertidos e apaixonantes.

Rosa é uma menina inteligente, porém muito dramática. Léo é aquele garoto boa praça, amigão de todo mundo, mas que vai se meter em encrenca justamente por defender um colega que sofre bullying. Léo será alvo do Confusão, um garoto repetente, chato, que não vai gostar nadinha da ousadia do novato.

Rosa rapidamente se enturma com o trio Carol, Luana e Julia. As duas primeiras são as meninas legais do colégio e Julia, a garota do “tipo” e do peitão, bonita mas sem noção, que na verdade só quer mesmo atenção e sofre com baixa estima. Julia logo se interessará por Léo, formando um triângulo divertido com Rosa, que custa admitir que está afim do garoto.

No dia a dia comum de um colégio e da vida dos adolescentes, tem a professora legal (Fátima), a diretora carrasca (Madalena), o pai e a mãe descolados, os trabalhos em grupo, os primeiros beijos, uma prima bem ousada para idade (Ludmila), mas que vai dar um empurrãozão pra desencalhar o casal.

Ela disse, Ele disse, é um livro sobre paixão, confiança, relacionamento com os pais, amizade, bullying e outros dramas do universo adolescente que são abordados com a naturalidade em que Thalita é mestre.

O livro é fino, fácil de ler, a história simples. O romance do casal é daqueles que te prendem do início ao fim e quando termina dá aquela sensação de que eles são reais e que continuam crescendo e vivendo novas histórias em algum lugar do Brasil. Por isso, uma adaptação para esses personagens tão cativantes é mais do que justa, é necessária.

Veja o trailer: 

O Filme:

Essa é a terceira adaptação literária da Thalita Rebouças, que participou ativamente da produção e roteiro, e ainda fez uma pontinha de atriz. Em todas as adaptações foi mantida a essência da história do livro, que agrada aos leitores. Já atualização de cenas para um contexto atual, que deixa a trama mais dinâmica, acaba agradando também os não leitores.

Divulgação | Foto: Mariana Viana

Em Ela disse, Ele disse, não é diferente. A fidelidade com o livro impressiona, pois é possível identificar e até repetir falas e sequências da obra literária. Isso é muito legal, principalmente pelas tiradas que arrancaram risadas no livro e também no filme.  

O que se espera de uma adaptação é que ela dê vida aos personagens literários, e em Ela disse, Ele disse, além da fidelidade, outro fator que contribuiu foi a escolha assertiva do elenco com características semelhantes as descrições do livro, e bem gente como a gente, brasileiros normais, vivendo suas vidas, enfrentando os desafios diários.

Se há 9 anos (publicação do livro) grande parte do elenco principal eram apenas criancinhas, hoje eles se encaixaram perfeitamente em cada personagem, tomando posse, sendo impossível ler o livro e não imaginar o ícone Maísa Silva no papel de Júlia; e dos estreantes nos cinemas, Duda Matte como Rosa e Marcus Bessa no papel de Léo. Outra estreia é da Youtuber Bianca Andrade (Boca Rosa), que interpreta a professora Fátima.

Divulgação

A escolha foi assertiva não apenas do elenco jovem, mas dos adultos, trazendo estrelas da televisão como: Maria Clara Gueiros (Madalena); Ângelo Paes Leme (Múcio – Pai do Léo); Fernanda Gentil (Paloma – Mãe da Rosa) fazendo sua estreia nos cinemas.

Uma adaptação cheia de estreantes, que se destaca pela diversão, bom humor e leveza ao trazer para as telas temas realmente sérios e pertinentes ao hoje, assim como no livro estão presentes o bullying, a violência, aceitação incessante a que adolescentes de hoje são submetidos, autoestima e a imposição de conceitos ultrapassados que não cabem na sociedade atual.

Mas o destaque mesmo fica por conta dos temas diversidade e o amor. O filme trata de maneira tão singela, que é praticamente impossível sair do cinema sem um sorriso no rosto (na sala que assistir todo mundo saiu). Boa parte dessa sensação de leveza e divertimento, vem da trilha sonora atual e vibrante, que casou perfeitamente com cada cena.

Divulgação | Foto: Mariana Viana

A trilha trouxe sucessos do pop como Ludmila, Lelezinha e Melim, mas em especial a música Quem beija é mais feliz, composta pela Thalita Rebouças em parceria com o produtor musical Zé Ricardo e interpretada pela jovem cantora Malía. A canção embala uma corrente do beijo (hétero e homo) no colégio, como forma de protesto, cheia de referências atuais com direito a frases como “Ninguém solta a mão de ninguém”, e versos como “Nenhum beijo é imoral” (Alô Bienal do Rio).

A adaptação de Ela disse, Ele disse, agrada pela fidelidade com o livro, diverte com as cenas e tiradas cômicas, e entretém com aquele velho e preciso clichê romântico adolescente que abarca todas as idades. Tanto o livro, quanto o filme são excelentes dicas de entretenimento.  

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