Bom, no post 5 filmes Mofinhos da minha vida!, falei sobre a importância do filme “Bonequinha de luxo”, na representação da mulher no cinema. Portanto, hoje vou tentar falar mais sobre esse assunto e mostrar porque “Bonequinha de Luxo”, é o meu filme preferido.
Quem já assistiu ao filme, deve saber que a personagem principal, Holly Golightly, é uma garota de programa de luxo, ambiciosa, que deseja ser rica e para conseguir seu objetivo, pretende se casar com um homem rico. Holly vivia perdida entre a inocência, ambição e futilidade. Ela toma os seus cafés da manhã em frente à joalheria Tiffany`s, com a intenção de fugir da sua realidade. Ao conhecer Paul, um escritor que vive bancado pela sua amante, Holly passa a relutar em se entregar a um amor, afinal, isso contraria seus objetivos de tentar ser rica e continuar livre.
Alguns itens do livro de Truman Capote, foram omitidos no filme, na intenção de tornar a personagem mais adequada para a atriz Audrey Hepburn e para a censura da época. Mas muitos itens que foram destacados em Holly, a separa de tantos personagens femininos da época. Ela não queria ser mãe, nem nada do tipo. Ela não é uma garota de família, ao contrário, frequentava festas, dormia o dia todo, e tinha uma visão sobre casamento completamente peculiar. Ao ser comparada com o que era mostrado nos filmes na década de 50, vemos que Holly certamente marcou uma mudança.
Sempre houve sexo em Hollywood, mas, antes de “Bonequinha de luxo”, só as garotas más é que faziam sexo. Com poucas exceções, garotas boazinhas no cinema tinham que casar antes de manter relações sexuais. As raras exceções pagavam um preço pela diversão. As “meninas más” sofriam e se arrependiam, amavam e casavam, ou sofriam, se arrependiam e morriam. A ideia geral era a mesma, para que as telespectadoras não praticassem isso em casa. Só que em “Bonequinha de Luxo”, de repente, morar sozinha, sair, andar linda e ficar bêbada não era algo tão ruim. Ser solteira, na verdade, não parecia motivo de vergonha, ao contrário, parecia algo divertido.
Até “Bonequinha de luxo”, as mulheres glamourosas do cinema ocupavam um lugar disponível apenas para as damas chiques, nos quais apenas as estrelas de cinema podiam se transformar. Mas Holly era diferente. Ela usava coisas simples, que não eram caras, mas ao mesmo tempo, eram fantásticas. Quem não ama usar um pretinho básico hoje em dia, né, mores? A personagem abusou dele, durante todo o filme.
Quando você pensa nos filmes das décadas de 30 e 40, percebe que as mulheres com algum desvio do padrão de conduta, pagavam por isso. Temos exemplos em personagens interpretadas por Bette Davis e Greta Garbo, principalmente. Nos anos 50, vieram as comédias românticas sobre sexo, sem sexo. Os filmes da atriz Doris Day são marcados por isso (Veja “Volta, meu amor” e “Confidências à meia noite”). A moça que resiste até o final, para se casar virgem.
Mas, Bonequinha de luxo, nos faz simpatizar por uma jovem “imoral”. É como se o cinema dissesse: “Aceitamos que você não é perfeita e você não precisa ser punida por ser assim”. Holly não foi punida. Ela era divorciada, fazia festas malucas no seu apartamento, morava sozinha, voltava bêbada para casa, dizia o que queria, fazia o que queria, e no final, não foi punida. Ela conseguiu um final feliz. E, mais do que isso, terminamos o filme, completamente apaixonados por ela!
Veja o trailer do filme:
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