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Como adaptação, “50 Tons de Cinza” não decepcionou

por Barbara Andrade
10 minutos de leitura

Como adaptação, a trilogia “50 Tons de Cinza” não decepcionou

🔞 Não recomendado para menores de 18 anos

⚠ ⚠Contém spoiler

“50 Tons de Liberdade” chegou aos cinemas na última quinta-feira, 8/2, para suprir a ansiedade de muitos fãs do romance erótico entre Anastasia e Christian, agora oficialmente, o casal Grey. Para recapitular essa franquia que chega ao fim, vamos começar comentando as duas primeiras adaptações: “50 Tons de Cinza” e “50 Tons Mais Escuros”. Ah, para quem não sabe ou não se lembra, os filmes são baseados nos livros da escritora E. L. James, que apresentou, ou reforçou, para o mundo um gênero literário que se mostrou muito rentável: a literatura erótica. Após o boom da trilogia “50 Tons de Cinza”, as livrarias foram tomadas por livros eróticos nacionais e estrangeiros. E, sim! Tem um público gigante que consome e ama o gênero.

De volta as adaptações, os dois primeiros filmes apresentaram ao público, logo de cara, um casal de protagonistas, digamos, inusitado. Ela, Anastasia Steele, mais conhecida como Ana, uma garota desajeitada, estudante de literatura inglesa, de origem humilde e lutando por seu espaço no mercado de trabalho. Ele, Christian Grey, lindo, um homem de vinte e poucos anos, na lista dos jovens mais ricos do mundo, com coleção de carros e empresas. O primeiro encontro acontece na empresa de Christian, quando Ana vai até lá entrevistá-lo para uma reportagem do jornal da faculdade. Tanto no livro quanto no filme percebemos que já rola um certo interesse por parte dos dois.

Nos cinemas, Ana é interpretada por Dakota Johnson, até então desconhecida do grande público – podemos citar seu pequeno papel no filme “A Rede Social”, de 2010, e também sua participação em “A Fera”, de 2011. Dakota vestiu bem a camisa da personagem, sem graça. Já o papel de Christian, ficou com o ator irlandês Jamie Dornan – figura conhecida das séries “Once Upon A Time” e “The Fall”. Jamie não deixou a desejar e se tornou um Grey para ninguém botar defeito.

Falar da trilogia “50 Tons de Cinza” é sempre uma polêmica. Há quem diga que a história é péssima e tem quem é fã de carteirinha. É importante ressaltar que a escritora E. L. James aborda assuntos bastante sérios – o sadomasoquismo e o relacionamento abusivo – e romantiza um pouco os problemas. Talvez, por isso, o livro não tenha sido bem aceito por alguns leitores. Mas atenção: assim como produtos comprados em lojas, livros também são pensados para certos públicos. Se você não é o público de “50 Tons de Cinza” e não gosta de histórias eróticas, esta não é uma trilogia recomendável para você. Não gostar de um gênero literário pode contribuir para opiniões desfavoráveis e às vezes até desnecessárias, já que quem ama o gênero não vai deixar de ler por conta de uma crítica. 

Nas páginas, a história é narrada em primeira pessoa, sempre sob o ponto de vista da Ana. Os diálogos são bem ruins, tanto no livro quanto no filme – alguns são idênticos. “50 Tons de Cinza” é uma série adulta, que explora a sexualidade de maneira bastante explícita, com uma linguagem direta e, às vezes, até um pouco pesada!

Como diria Christian, por exemplo: “Eu não faço amor, eu fodo com força”. Ok, sr. Grey! A gente percebeu seus gostos peculiares!

Não podemos dizer que as adaptações ficaram ruins. Pelo contrário, a história apresentada nos cinemas é bastante fiel. Se não gostou do filme, não vai gostar do livro e vice-versa. E já adianto que é assim até o final!

Ao longo da história, vamos sendo apresentados aos problemas de Christian que o fizeram ser adepto do sadomasoquismo. Adotado aos 4 anos, o protagonista já havia sofrido bastante ao lado de uma mãe prostituta e viciada em drogas. Seus traumas de infância são refletidos em sua vida adulta e Christian não consegue se relacionar de maneira normal com uma mulher, ele vê as mulheres apenas como “escravas sexuais” para satisfazer seus prazeres. É tudo bem louco porque as relações do protagonista com suas submissas são firmadas por assinaturas e contratos. As coisas ganham rumo diferente na vida de Grey quando ele se vê apaixonado por Ana. Sendo ingênua e romântica, Ana recusa os mimos e não faz questão da grana de Christian, chegando até a devolver presentes caros dados por ele. A mocinha sofre bastante ao tentar se encaixar no mundo do milionário. 

Comparado as passagens descritas nos livros, o filme chega a ser até um pouco leve. As cenas de sexo não são tão explícitas e Jamie não faz o tão aguardado nu frontal. O público esperou até o último minuto e saiu dos cinemas com essa decepção. Que pena, não?! Podemos citar a trilha sonora como ponto alto dos filmes. É sensacional e acompanha as partes mais tensas da história como um quebra-cabeças bem montado.

Agora, focando na última adaptação, “50 Tons de Liberdade”, me atrevo a dizer que o filme superou o livro e se tornou um raro caso de filme melhor que o livro. A explicação para esse fato está na forma mais compacta dos acontecimentos, sem prolongar em cenas nada importantes. O último livro da trilogia se arrasta por mais de 500 páginas, com momentos muito ruins. A autora não conseguiu segurar o ritmo e, em muitas partes, fiquei pensando em porquê da existência deste livro, afinal o segundo já podia ser o fechamento da história. As passagens mais interessantes, que estão nos conflitos e problemas de recém-casados, passam muito rápido nas páginas e a escritora decidiu que descrição de sexo era o ideal. O livro ficou chato, cheio de sexo sem importância.

Já nas telonas, me deparei com um filme interessante, – na medida do possível, já que a história tem lá seus altos e baixos – cheio de cenas divertidas, que, preciso ressaltar, deixou um clima leve na sala de cinema. Tem até uma perseguição a lá “Velozes e Furiosos” ao som de mais uma trilha sonora escolhida com muito bom gosto. Ah! Preciso, abrir um espaço para comentar o ator escolhido para ser o segurança da sra. Grey, quase tão lindo quanto o próprio sr. Grey. Outra coisa importante: Christian, não gostei de ver você cantando. A cena ficou estranha, até um pouco forçada. (risos)

Já encaminhando para o fim de “50 Tons de Liberdade”, a amarração dos três filmes ao som de “Love me like you do“, na voz de Ellie Goulding, ficou muito legal! E, esperem um pouco no cinema porque tem ceninha pós-crédito bem fofa. Quem leu o livro, já imagina qual é, mas quem esperou o filme para saber o fim da história, vai ficar bem feliz. 

Assista ao trailer:

O reflexo de “50 tons de Cinza”

Dentro da proposta da autora e do gênero, “50 Tons de Cinza” cumpriu seu papel e deixou uma legião de fãs apaixonados pelo casal Grey. Podemos dizer que o livro de E. L. James está para a literatura erótica, como Harry Potter está para a literatura fantástica. O gênero não foi criado por “50 Tons de Cinza”, mas foi depois do lançamento dele em 2011 que outros títulos surgiram com peso, dando mais visibilidade inclusive para a literatura erótica nacional. A história da trilogia “50 Tons” tem muitos problemas, a escrita da autora tem seus problemas, mas os livros precisavam acontecer. Eles abriram portas para muitos outros autores conseguirem seu espaço na literatura, com livros bem mais elaborados e histórias marcantes, como as brasileiras Tatiana Amaral, Mila Wander, Camila Moreira e tantos outros. Os títulos que vieram após “50 Tons” continuam a instigar um público gigante a ler, levando à procura por livros eróticos com o intuito de suprir a ressaca deixada pela trilogia de E.L. James. 

E você gostou das adaptações da trilogia “50 tons de cinza”? 

Livros ou suas adaptações? É sempre polêmico, né? Veja outros comparativos aqui

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