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A vida aqui dentro

por Redação LiteralmenteUAI
3 minutos de leitura

A vida aqui dentro

Volto ao fogão de lenha.

Me vendo obrigada a parar por força maior, ou melhor, menor…bem menor…invisível…volto a fazer coisas que a tempos não fazia. Torro café, faço broa de fubá, pé-de-moleque e algumas outras comidas que já nem me lembrava que sabia fazer. Tudo fica muito bom! O tempo não me fez perder a habilidade com esse bom e velho fogão.

Talvez o tédio. Talvez por viver a correria do dia a dia onde conversava com várias pessoas de todos os tipos. Talvez a tecnologia fez eu me afastar dessa parte da casa. Confesso que sinto saudade do corre-corre diário, mas estou reaprendendo a viver sem ele.

Nesse momento em que o mundo parou, sou obrigada a me voltar para dentro, para a minha casa, para um lugar que já estava meio esquecido. Procuro aproveitar ao máximo essa experiência. Agora tenho tempo para pensar, para desacelerar, para reencontrar coisas que há muito eu havia deixado de lado.

Sinto falta dos meus filhos que estão longe, do meu neto. Ah o meu neto! Só dois aninhos de vida. Desde que ele chegou, não tinha ficado uma única semana sem encontrá-lo e agora se passaram algumas sem eu sentir o seu cheirinho.

A casa já não tem mais aquele movimento de quando todos os meus filhos eram pequenos. A casa era movimentada. E agora, com essa quarentena, nem do portão posso sair. Quero ver pessoas, gosto de pessoas, gosto de conversar, de ouvir histórias e de dar conselhos.

De repente ouço:

– Mãe.

É um dos meus filhos que ainda mora comigo. Estava no quarto, já nem me lembrava, absorta em meus pensamentos.

– Mãe, que cheirinho bom de café.

– Acabei de torrar meu filho. Fiz broa também, vamos tomar nosso lanche da tarde?

Muitas coisas mudaram, a vida muda, mas algumas coisas permanecem. E nos momentos em que a vida nos obriga a parar nos encontramos com nós mesmos e com o que verdadeiramente tem valor.

O texto é uma cortesia da escritora Jaqueline Rolim. Agradecemos sua confiança! Se você também tem um texto especial, uma crônica, conto ou poema, envie para nós no e-mail: contato@literalmenteuai.com.br. Esse espaço é dos leitores

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4 comentários

Flávia Paiva 6 de agosto de 2020 - 13:58

Hahha engraçado isso de nem lembrar das habilidades que tínhamos guardadas e redescobrí-las. Também passei por um processo mais ou menos assim. Me recordei de tantas coisas que amava e não tinha tempo. Com certeza a vida ganha novos rumos com o retorno.

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Juliana Felipe 6 de agosto de 2020 - 16:07

Obrigada, Jak por aquecer o meu coração… Fui capaz de sentir ps aromas narrados e me conectar com um fogão de lenha que jamais se apagou.
Beijos!

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Edith Caldeira 7 de agosto de 2020 - 19:35

… Em todos os momentos a vida nos convida a viver. Desejo ações e conquistas abençoadas.

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Alessandra 7 de agosto de 2020 - 21:01

Saber viver o instante, seja ele qual for.
Belo texto.

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