A importância da leitura entre crianças e jovens
Por: Ângela Mathylde, psicopedagoga e Conselheira Nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia
Certa vez, o poeta Carlos Drummond de Andrade disse que “A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas, por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede”. O hábito da leitura é uma atividade prazerosa e imprescindível para o exercício da cidadania, estimulando o pensamento crítico nos cidadãos, tornando-os mais conscientes de seus direitos e deveres.
Contudo, essa prática não é comum entre os brasileiros. A quarta edição da pesquisa “Retratos da Leitura” do Instituto Pró-Livro revelou que 44% da população não têm esse costume e 30% nunca compraram um livro. Outro dado relevante é a média de obras lidas por pessoa ser 4,96 ao ano, sendo que 2,43 foram finalizadas e 2,53 foram lidas em parte.
Os últimos estudos apontam a contribuição da leitura para o desenvolvimento das funções cognitivas. A cognição representa a obtenção de conhecimento por meio da percepção. Conforme pesquisas, desde a infância, a imaginação das crianças é estimulada pela leitura. O ato de imaginar está interligado à linguagem, à emoção, à percepção, à inteligência e ao pensamento, ou seja, todos os processos cognitivos são interdependentes.
Se ler é tão importante, por que o brasileiro não tem o hábito? A disputa com outras formas de entretenimento, como séries, jogos e a própria internet, pode servir de resposta para a pergunta. Porém, um dos principais motivos para os brasileiros não terem esse propósito é, sem dúvida, a falta de estímulo em casa e, às vezes, nas próprias escolas. A leitura não deve ser um ato imposto e, alguns professores, podem se limitar ao incentivo, apenas, de livros didáticos.
Os adultos costumam limitar sua comunicação à oralidade, lendo poucos livros e jornais. Quando o assunto é atualização, eles recorrem, normalmente, aos noticiários em tevês e rádios e, dessa forma, as crianças e jovens não criam o hábito da leitura, uma vez que os próprios pais evitam o mesmo.
Existem estratégias efetivas para incentivarem a leitura, principalmente, entre crianças e jovens e, tanto pais quanto educadores devem estimular a leitura por prazer, auxiliando os estudantes a descobrirem os estilos literários preferidos. As bibliotecas representam um papel importante nesse processo, pois proporcionam diversas possibilidades de leitura. Embora a maioria das escolas, públicas e privadas, tenha o recurso, existem, também, as bibliotecas públicas.
As escolas também devem investir em projetos de leitura para converter a aparente resistência que as leituras indicadas causam nos alunos. A proposta deve aproximar as ideias de leitura, escola e prazer. Os estudantes precisam de autonomia para escolher o que querem ler e, entre as propostas possíveis, discutirem as leituras sugeridas no encontro anterior, compartilhando suas apreciações e descobrindo o prazer em uma diversidade cada vez maior de textos.
Assim como a literatura, as revistas, gibis, livros ilustrados, artigos e os próprios jornais também são meios para fomentar o hábito da leitura e, não devem ser menosprezados. A leitura é uma ferramenta essencial para aprimorar funções, como memória, interpretação e raciocínio, bem como capacitar e desenvolver a população.
Ângela Mathylde é proprietária do Centro Multidisciplinar Aprendizagem e Cia. É Doutora (2012) em Neurociência pela Université Livre des Sciences de Lhomme de Paris, Mestre (2001) em Psicanálise pela Escola de Psicanálise Clínica do Rio de Janeiro e Especialista (1995) em Psicopedagogia pela Universidade Castelo Branco. Atualmente é Conselheira Nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPP) e presidenta do Congresso Internacional Brain Connection.
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