A Garota no trem – Livro ou a sua adaptação?
É raro encontrarmos filmes que a gente ache melhor que o livro no qual foi baseado. Geralmente, as obras literárias são elencadas como melhores por uma série de fatores, dentre eles, podemos destacar, maior detalhamento, tramas paralelas, mais personagens, entre outros. Contudo, vez ou outra, acontece.
A minha mais recente experiência com filme melhor que o livro foi com o best-seller mundial, “A garota no trem”, de Paula Hawkins. Fiquei super interessada nesse livro depois de ver uma resenha que falava muito bem dele no Youtube e o comparava com “Garota Exemplar” (se você ler isso por aí, não caia nessa). Comprei algumas semanas depois e li rapidamente, não é uma leitura difícil. “A garota no trem” narra a vida de Rachel, uma mulher divorciada, amargurada e alcoólatra, que mora de favor na casa de uma amiga muito paciente e pega o trem diariamente para Londres. Nesta viagem, que dura cerca de uma hora, Rachel inventa histórias acerca de um casal que mora em uma bela mansão a beira da linha do trem, que por sinal, fica próximo da casa onde ela mesma morava com seu ex-marido. Nomes falsos, rotina, romance, ela cria tudo e atribui àquele casal que vê de relance diariamente. Um dia, porém, uma cena muitooo incomum chama sua atenção. Deste momento em diante, Rachel embarca de cabeça em uma teia cada vez mais emaranhada de acontecimentos, segredos perigosos e revelações, em que seu passado e seu futuro se misturam com o daquelas pessoas de uma forma que vai deixar você embasbacado.
Sobre o livro, não vou dizer que a leitura é ruim, mas talvez eu estivesse com um hype muito alto e aí não me surpreendi. Achei a narrativa no máximo ok, um pouco enfadonha, principalmente, devido à divisão de capítulos entre três narradoras; quando você está engrenando numa história, troca. Além disso, achei o plot previsível, do meio pro final eu já tinha adivinhado o segredo da história. Principalmente, o que mais aborrece é a própria protagonista, ela é difícil de engolir, mas pelo jeito errado, é chata, você passa o livro todo sentindo uma mescla de ora pena, ora raiva dela. Eu não criei nenhuma empatia, aí fica difícil…
Já o filme, meus amigos, eu adorei. Veja o trailer
O roteiro foi muito bem construído e o filme não tenta seguir fielmente a mesma lógica narrativa do livro, o que foi uma escolha assertiva. E a Rachel do filme tem uma facilidade maior para criar empatia com você, isso se deve muito também à excelente atuação da brilhante Emily Blunt. Ela ainda vai fazer você sentir raiva, mas não tanta, você vai querer um final feliz para ela, ou seja, você já nutriu um sentimento. Além disso, a tensão do filme é muito maior, construída para dar aquela sensação contínua de que tudo vai dar errado e as pistas vão sendo jogadas de maneira muito inteligente, eu diria que, bem mais do que no livro, de modo a te confundir sempre. Outro fator importante é poder ver os pensamentos da Rachel. O que ela imagina você vê traduzido em imagens, coisa que o diretor podia ter optado por deixar de fora do roteiro.
Você nunca vai me ver aqui, falando pra não leres o livro, mas hoje vou te falar, te dou um desconto se você for primeiro para o filme…
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