Papillon: o homem que fugiu do inferno 

A fantástica história de Henri Charrière, ou simplesmente Papillon, como ficou conhecido devido uma tatuagem de borboleta no peito, é retratada no livro escrito por ele mesmo, ou não… São 728 páginas. Confesso que pensei que em algum momento ficaria entediado, mas isso não ocorreu. O livro é tão cheio de detalhes e a história é tão rica que é impossível não continuar lendo.

Papillon foi um francês, ex-militar, que acabou no mundo do crime, onde aplicou vários golpes em Paris, nos anos de 1930. Sua especialidade era nada menos que abrir cofres. Após ser condenado injustamente por assassinato, foi sentenciado à prisão perpétua e enviado como trabalhador forçado para Guiana Francesa, onde localiza-se a Ilha do Diabo.

O livro merece ser lido. Isso é fato. Mas vai aqui uma informação precisa: Henri Cahrrière, o autor, é uma farsa. De acordo com a Polícia Federal, ele na verdade roubou a história de René Belbenoít, que liderou uma fuga da ilha, na qual estava Charière.

Ainda, segundo investigação da PF, o verdadeiro Papillon morou no Brasil após a fuga, mais precisamente em Roraima, onde morreu aos 73 anos, em 1978, conforme reportagem da revista ISTOÉ. Veja aqui

Voltando ao livro, mesmo sabendo dos detalhes citados acima, vale muito a pena a leitura. A riqueza de detalhes, a luta pela sobrevivência e a vontade de ser livre são cativantes. Não à toa, o livro acabou virando um filme estrelado por Steve McQueen, em 1973, e mais recentemente, em 2017, com Charlie Hunnam no papel principal.

Sobre as adaptações: 

A primeira vez que Papillon chegou ao cinema foi em 1973, com Steve McQueen no papel título. A obra levou o Oscar de melhor Trilha Sonora Original e McQueen levou o Globo de Ouro como melhor ator em filme dramático. Nessa adaptação, coube a Dustin Hoffman o papel de Louis Degas. 


Em 2018, Papillon retornou aos cinemas, agora com Charlie Hunnam no papel principal e Rami Malek como Degas. 

Confira o trailler: 


Comparar as duas produções é algo inevitável. No quesito atuação, os dois se equivalem, mas vale ressaltar a força comercial do elenco da primeira versão. McQueen, protagonista do longa, era considerado o rei dos filmes de ação à época e se saiu super bem ao estrelar o drama.

A segunda versão tem como ponto positivo seu início, onde mostra a vida de Charière antes da prisão. Esse momento da história não está no filme com McQueen. O longa, estrelado por Hunnam, também se mantém mais fiel ao livro em seu início, mas peca ao não retratar um dos momentos mais marcantes da história, que é a passagem de Papillon pela Ilha dos Pombos, uma colônia de leprosos.

Divulgação / Papillon 2018

As duas versões apresentam um problema sério: a história é bastante modificada em relação ao livro, principalmente no episódio da fuga do hospital e em seus desdobramentos.

Muitos dirão que o primeiro filme é melhor por se tratar de um clássico. Ok! Ele é sim um clássico e tem, além de McQueen e Hoffman como protagonistas, o ponto positivo de ter chegado ao Brasil em 1974, em pleno período de repressão militar, onde os direitos eram suprimidos. A identificação com o filme é inevitável, já que Papillon sofreu forte repressão dos direitos enquanto estava preso.

Um ponto que favorece a produção de 2018 é o ritmo. Tenho uma visão de que a versão de 1973 é um pouco “tocado”, mas isso é só uma opinião pessoal.

Divulgação / Papillon 2018

O fato é que, como a história é longa e cheia de acontecimentos, as duas produções pecam em não oferecer todo o relato de Papillon. Talvez uma minissérie fosse a melhor opção para adaptação. Fica a dica, Netflix!

Por fim, digo a você que chegou até aqui: talvez a maior ironia desse ótimo livro seja o fato de Papillon conseguir a tão sonhada liberdade na Venezuela. Nos dias de hoje é irônico.

O que chama atenção é como ele descreve o povo venezuelano (esqueça aqui ideologias e governo). Ele os descreve como “um povo pobre que divide o pouco que tem”.


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